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99, um unicórnio brasileiro para desafiar o Uber

Chinesa Didi Chuxing assume o controle do aplicativo brasileiro como parte de estratégia global 'Start-up' foi avaliada em 1 bilhão de dólares, o que a torna um "unicórnio". Entenda

O aplicativo da 99 em funcionamento.
O aplicativo da 99 em funcionamento.PAULO WHITAKER (REUTERS)
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A batalha dos aplicativos de transporte no Brasil ganhou um novo capítulo nesta semana. Um capítulo que tem em seu enredo a empolgante história de ascensão da primeira empresa nacional ao patamar de "unicórnio", o seleto grupo de start-ups avaliadas em mais de 1 bilhão de dólares. A plataforma chinesa de transporte Didi Chuxing anunciou na quarta-feira a compra do 99 Táxi, um passo a mais em sua ambição de se expandir no mercado sul-americano e competir com o Uber.

A Didi, com mais de 450 milhões de usuários, já tinha uma participação na empresa brasileira, na qual investiu 100 milhões de dólares (323 milhões de reais) há um ano. Sem revelar o valor da operação, a Didi Chuxing anunciou em um comunicado ter assumido o controle da 99 e de seus 14 milhões de clientes registrados — o aplicativo tem ainda 300.000 motoristas registrados.

Apesar de as empresas não confirmarem o valor do negócio, a companhia chinesa avaliou o valor da 99 em 1 bilhão de dólares, o que transformou a 99 no primeiro "unicórnio" brasileiro. Na esteira da 99, estão empresas nacionais como Nubank — uma alternativa de cartão de crédito aos bancos, avaliada em 800 milhões de dólares — e Movile — que está por trás de aplicativos como o iFood.

O Brasil conta com vários outros candidatos ao posto de unicórnio (Quinto Andar, PSafe, GuiaBolso, Easy Taxi), mas chegou tarde ao rol de maiores start-ups do mundo. A Argentina, por exemplo, já tinha o Decolar.com e o Mercado Livre há anos. O atraso brasileiro cai na conta da burocracia e da falta de integração das universidades locais com o mercado — várias das empresas de tecnologia dos Estados Unidos, por exemplo, saíram de dentro das universidades.

Os problemas estruturais do país intensificam o risco inerente ao dinâmico mercado de start-ups, que conta entre suas vítimas o site de comparação de preços Buscapé. Após crescer muito rápido, a empresa tenta se adequar ao próprio tamanho.

Transporte

A Didi competirá com o Uber nas grandes cidades brasileiras. Segundo a Bloomberg News, São Paulo e Rio de Janeiro são as cidades em que o Uber tem mais trajetos no mundo, seguidas pela Cidade do México.

Segundo o grupo chinês, a compra da 99 marca “uma nova etapa em sua estratégia internacional”. “A internacionalização é nossa prioridade”, disse o diretor-geral da empresa, Cheng Wei. Ao jornal Financial Times, Peter Fernandez, o CEO da 99, disse que está confiante de que "fazer parte da Didi Chuxing vai aumentar muito nossa capacidade de expandir nossos serviços pelo Brasil para oferecer melhorias aos usuários, motoristas e cidades"

Criado em 2012, a 99 começou oferecendo apenas serviços de táxis, que posteriormente foi ampliado para um modelo mais amplo, semelhante ao do Uber. Foi o primeiro aplicativo do Brasil a oferecer uma opção de serviço apenas para mulheres e dar possibilidade de gorjeta no país.

Didi Chuxing

Em 2015, a Didi comprou participações na empresa indiana de reserva de táxi Ola, assim como na norte-americana Lyft, rival do Uber nos Estados Unidos. Ela também tem interesses na Europa, graças a uma aliança com a empresa europeia Taxify, que atua em cerca de 20 países.

A Didi Chuxing, que no ano passado comprou as últimas operações do Uber na China, afirma controlar 90% do mercado de transporte compartilhado de seu país e quase a totalidade do mercado local de reserva de táxi por celular.

No início de 2017, a Didi arrecadou 5 bilhões de dólares (16,1 bilhões de reais) e em dezembro, outros 4 bilhões de dólares (12,9 bilhões de reais) para financiar sua expansão.

Entre os investidores estão a empresa japonesa de telecomunicações Softbank e o fundo Mubadala Capital, dos Emirados Árabes Unidos, informaram à agência AFP fontes próximas à transação, segundo as quais o valor de mercado da Didi chega agora a 56 bilhões de dólares (180,9 bilhões de reais).

Graças a isso, a Didi pretende desenvolver a inteligência artificial e criar sua própria rede de estações de recarga para seus carros elétricos.

A Didi Chuxing foi criada em 2015 pela fusão de dois aplicativos rivais, apoiados respectivamente pelas gigantes da internet Alibaba e Tencent. A empresa faz 25 milhões de trajetos por dia.

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