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Deixaremos de ter carro? Consumo colaborativo e veículos autônomos como alternativas

Muitos acreditam que gasto com automóvel é absurdo e que há modelos mais eficientes

Guillermo Vega
Carro da Tesla Motors
Carro da Tesla MotorsEFE

O diretor geral da Blablacar, Jaime Rodríguez, recentemente previu: “Logo não fará sentido possuir carros nas cidades”. Ele admite que as viagens para fora das cidades são outra coisa, mas que será preciso haver “um modelo diferente para quem viajam entre cidades”. Uma decisão que poderia resultar em nosso benefício: segundo denuncia o coordenador de Saúde Pública e Meio ambiente da Organização Mundial da Saúde (OMS), Carlos Dora, “todo planejamento urbano do mundo é para os carros. As pessoas não importam”.

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O responsável pela Blablacar não está sozinho ao lançar essa reflexão. Um relatório recente da Rethink X, um think tank independente dedicado ao estudo das disrupções tecnológicas na sociedade, chegou até a estabelecer uma data para essa mudança de paradigma: 2030. Nesse ano, as vendas de carros terão caído 80%, segundo seus cálculos. Naquele momento, 95% dos quilômetros percorridos em carros serão feitos em carros autônomos elétricos, no que hoje se costuma chamar de transporte como serviço, algo parecido ao que se faz já com o software (a tendência não é comprar um programa de informática, mas alugá-lo por mês). Com essa nova disrupção no transporte, uma família média dos EUA poderia economizar 5.600 dólares (cerca de 18.000 reais) em custos de transporte, o que representaria um aumento de salários de 10%.

Há dados que dão sentido a essa possibilidade. Em média, um carro vendido nos EUA permanece estacionado em 95% de sua vida útil. Os aviões, apenas 50%. Este dado melhoraria dramaticamente com o consumo colaborativo, apesar de os modelos que estão sendo impostos na Europa (sobretudo na Espanha) não terem convencido ainda. É o que afirma para o EL PAÍS o diretor geral da empresa para o Sul da Europa, Carlos Lloret. Para que este futuro se imponha, será necessário ocorrer uma automatização total dos transportes, o que poderia reduzir até em 80% o custo das viagens. Isso, sem dúvida, começará uma corrida para maximizar a eficiência dessas viagens, o que popularizará modelos como Uber Pool ou Lyft Line. Toda vez que o Uber consegue reunir duas pessoas em um carro reduz os custos de capital em 50%.

Waymo, a empresa de carros sem motorista do grupo Alphabet Inc., ao qual também pertence o Google, começou na terça-feira, 4 de julho, em Phoenix (Arizona, EUA) seu primeiro teste aberto ao público de veículos autônomos. A Apple anunciou seu projeto de carro autônomo. Os dois grandes da indústria americana (não é o caso da Tesla ainda), General Motors e Ford, embarcaram em projetos para lançar ao mercado seu carro autônomo. A Ford foi a primeira indústria automobilística a participar da CES, a maior feira de tecnologia do mundo. Esta aposta transformou-os nos únicos capazes de colocar o carro sem motorista no mercado em uma data concreta, 2021. A General Motors é aliada da Lyft e vai experimentar um serviço de transportes em sua Detroit natal. O Uber faz o mesmo em cidades como Pittsburgh e São Francisco.

Algumas cidades começam de fato a se preparar para esse novo futuro. São Francisco, por exemplo, já está substituindo os locais de estacionamento por zonas de descanso para pedestres. Terá como escolher: nos EUA só há seis vagas de estacionamento para cada carro.

Mas nem todo mundo é tão otimista. Há think tanks que garantem que as frotas de carros elétricos chegarão apenas a 2% da frota total dos EUA nos próximos 25 anos. Claro que esse relatório foi obra da petroleira Exxon Mobil. Mais uma vez, como o do MIT Sloan Automotive Laboratory, o relatório prevê que 17% dos carros vendidos serão carregados na tomada em 2050.

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