_
_
_
_
_

Governo Macron proíbe uso de gramática igualitária em documentos oficiais

Circular distribuída para ministérios veta o uso de gramáticas que não faz distinção entre gêneros

Álex Vicente
O primeiro-ministro francês Édouard Philippe.
O primeiro-ministro francês Édouard Philippe.François Guillot (AFP PHOTO)
Mais informações
VÍDEO | Todos os sotaques da língua portuguesa
Pense em outro idioma e acertará
Redes sociais para aprender idiomas

Após semanas de debate, a França colocou fim à moda da linguagem inclusiva. Pelo menos nos textos oficiais. O primeiro-ministro, Édouard Philippe, distribuiu ontem, às diversas áreas do Governo, uma circular que proíbe o uso da gramática igualitária em todo documento publicado no Boletim Oficial do Estado. Philippe defendeu a utilização das regras vigentes por “motivos de inteligibilidade e clareza da norma”. O primeiro-ministro seguia, assim, às recomendações da Academia Francesa, que em outubro declarou que esse método significava um “perigo mortal” para a língua.

Num tímido sinal de abertura, Philippe defendeu a atribuição sistemática do gênero feminino aos nomes de cargos públicos, mas, ao mesmo tempo, rejeitou a medida mais contestada: integrar um sufixo feminino em cada termo masculino e separá-lo com um sinal tipográfico, como um ponto mediano. Por exemplo, para se referir aos eleitores e às eleitoras ao mesmo tempo, seria preciso escrever électeur·rice·es. “O masculino é uma forma neutra”, disse Philippe na circular. Sua decisão invalida o guia de comunicação igualitária aprovado por um órgão governamental em 2015, sob a presidência de François Hollande, que defendia o uso da forma inclusiva nos textos oficiais.

Esse debate durou semanas na França. A tempestade foi desencadeada em setembro, com a publicação de um manual escolar para a disciplina de Moral e Cívica, o primeiro escrito usando-se a linguagem inclusiva. O livro colocou em pé de guerra grande parte da classe política e os intelectuais, que não hesitaram em rotulá-lo de “risível”.

Apesar de tudo, a escritura igualitária não parece destinada a desaparecer. A Prefeitura de Paris a adotou em seus comunicados. Alguns veículos da imprensa, como a edição francesa da Slate, também. Além disso, o processador de texto Word acaba de adicionar uma opção de correção inclusiva em sua última atualização. E a Associação Francesa de Normalização, encarregada da padronização tipográfica, estuda incorporar o ponto mediano nos teclados franceses a partir de 2018.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_