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Criador de ‘Mad Men’ entra na lista dos acusados de abuso sexual em Hollywood

Ex-roteirista da série afirma que Matthew Weiner pediu para vê-la nua. Um ano depois, foi demitida

Matthew Weiner em uma foto de arquivo em Los Angeles.
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As acusações de abusos sexuais continuam surgindo em Hollywood. Horas depois de cinco mulheres terem acusado o ator e humorista Louis C.K. de conduta indevida, o produtor da série Mad Men: Inventando Verdades, Matthew Weiner, um dos cérebros da era de ouro da televisão, somou-se à lista dos marcados pelo escândalo. Neste caso, as acusações vêm de Kate Gordon, ex-roteirista da série e ganhadora de um Emmy juntamente com Weiner por esse trabalho. Segundo suas declarações ao site The Information, Weiner lhe disse que tinha de vê-la nua, que ela devia isso a ele. O comentário foi feito enquanto os dois trabalhavam juntos de noite e a levou a perder o emprego um ano mais tarde. Sua saída foi muito comentada por pessoas envolvidas com a série, dada a promissora carreira de Gordon. “Ganhei um Emmy, mas em vez de poder usá-lo como trampolim para minha carreira, ele se transformou em uma âncora, porque eu sentia que tinha de responder a especulações da imprensa. Eu acabei desistindo em vez de lutar”, lamenta a roteirista na entrevista.

A resposta de Weiner não demorou. Em um comunicado, seu representante negou as acusações contra o ganhador de nove prêmios Emmy, dois deles por Família Soprano. “O sr. Weiner não se lembra de ter feito esse comentário, nem é o tipo de frase que ele diria a um colega de trabalho”, afirmou. Segundo a nota, Weiner “passava de oito a dez horas por dia escrevendo diálogos em voz alta com Gordon”, que começou em Mad Men como assistente dos roteiristas. “Nos nove anos em que comandou Mad Men, Weiner frequentou uma sala de roteiristas cheia de mulheres”, destaca o comunicado, assinalando que o criador da série sempre lutou por um espírito de “igualdade” e “respeito” no local de trabalho.

Como lembra o comunicado, Gordon começou a trabalhar com Weiner em 2007 como sua assistente pessoal. Em menos de um ano, a jovem escritora foi promovida a assistente dos roteiristas, sendo encarregada, entre outras tarefas, de transcrever as notas de Weiner, conhecido por ditar seus roteiros. O produtor também a incentivou a contribuir com suas próprias ideias. Os dois acabaram escrevendo juntos o último episódio da segunda temporada, pelo qual ganharam o Emmy em 2009. Foi precisamente durante o trabalho conjunto que fizeram para esse capítulo que, segundo Gordon, Weiner a assediou sexualmente. “Ele me disse para que o deixasse me ver nua, disse que eu lhe devia isso”, afirma a roteirista.

Assim como mais vítimas de outros supostos casos de abusos em Hollywood disseram ter feito, Gordon comentou o ocorrido com colegas, mas não apresentou uma denúncia. Entretanto, ela diz que seu comportamento dentro de Mad Men mudou. “Eu me sentia ameaçada e menosprezada”, afirma. Um sentimento que atingiu o ponto culminante ao ganhar o Emmy. Embora naquela ocasião já fosse uma das roteiristas escaladas para a terceira temporada, poucas semanas depois de conseguir a estatueta, Weiner a chamou ao seu escritório para lhe dizer que não renovaria seu contrato porque ela “havia ficado aquém” das expectativas em seu trabalho. Desde então, Gordon não escreveu mais e se manteve à margem de Hollywood, evitando qualquer menção que a relacionasse com a série Mad Men. Se agora decidiu falar, acrescentou a roteirista na entrevista à publicação, deve isso ao caso Harvey Weinstein e à onda de escândalos sexuais que vieram à tona em Hollywood nas últimas semanas. “Foram minha inspiração”, assinalou.

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