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Trump arremete contra investigação da trama russa, que pode fazer primeira prisão

Presidente lança uma furiosa série de tuítes contra a “caça às bruxas”, num momento de crescente tensão por causa da primeira grande ação do promotor especial Robert Mueller

J. M. AHRENS
O promotor especial, Robert Mueller, em 2013 quando ainda era diretor do FBI.
O promotor especial, Robert Mueller, em 2013 quando ainda era diretor do FBI.SAUL LOEB (AFP)

Donald Trump é previsível. Bate sempre antes de apanhar. E foi assim novamente neste domingo. Diante dos avanços do promotor especial encarregado de investigar a chamada trama russa, o presidente dos Estados Unidos voltou a se dizer vítima de uma “caça às bruxas”, negou qualquer conluio e lançou um furioso ataque a Hillary Clinton e seu partido. “Clinton e os democratas são culpados, e os fatos falam por si mesmos. Façam algo!”, tuitou o mandatário.

Não citou seu nome, mas cabiam poucas dúvidas. O promotor especial Robert Mueller deixou Trump nervoso. A imprensa dos EUA noticiou que um júri de instrução acatou as primeiras denúncias apresentadas por esse veterano e incorruptível investigador contra um envolvido na suposta interferência de Moscou nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016. A medida, da qual não se conhecem mais detalhes, teria sido aprovada por um juiz e pode levar à detenção do suspeito já nesta segunda-feira.

A prisão representaria um passo gigantesco num caso que se tornou o pior pesadelo para o presidente. Faz tempo que as investigações transbordaram seu perímetro inicial. Já não se apura só se a equipe eleitoral de Trump se coordenou com o Kremlin para a campanha de desprestígio feita contra Hillary Clinton durante as eleições. Mueller, que dirigiu o FBI durante 13 anos, também questiona as manobras econômicas do entorno presidencial e se o próprio Trump, que já contratou um advogado privado para o caso, cometeu um crime de obstrução da justiça ao demitir o diretor do FBI, James Comey, depois que este se negou a arquivar a investigação da trama russa.

Durante meses, Mueller avançou com discrição. Interrogou altos funcionários do serviço de inteligência e também da equipe presidencial, como o ex-chefe de gabinete Reince Priebus e o ex-porta-voz Sean Spicer. Também indagou a respeito do efêmero assessor de Segurança Nacional, o general Michael Flynn, e agentes do FBI entraram na casa do ex-chefe de campanha de Trump, Paul Manafort, em busca de provas.

Frente a esse avanço, a Casa Branca foi mudando de estratégia. Após um período de desqualificações constantes, pareceu estender a mão e reduzir a tensão. Mas agora, na iminência de uma acusação formal, voltou ao ataque verbal.

Nos tuítes, o presidente cita a “insatisfação” que reina nas fileiras republicanas por causa da inação da Justiça contra os supostos escândalos envolvendo Clinton: “O relatório falso […], o urânio, o pacto com a Rússia, os 33.000 emails destruídos, o acerto com o Comey e muitos mais”. “Em vez disso, olham o falso conluio Trump/Rússia, que não existe. Os [democratas] está utilizando esta terrível (e ruim para o país) caça às bruxas para praticar a política do mal, mas os republicanos estão respondendo como nunca antes.”

Em sua ofensiva, o presidente evitou citar Mueller, mas não hesitou em lançar a sombra da suspeita. “Todo este falatório sobre a Rússia chega justo quando os republicanos estão fazendo sua grande aposta na histórica desoneração fiscal. É uma coincidência? Não!”, concluiu o presidente. Como sempre, escolheu o ataque como defesa. Resta ver a resposta da Justiça.

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