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‘Lava Jato’ na PM de SP: Proposta de delação envolve deputado Coronel Camilo em desvio milionário

Preso desde março, coronel tenta acordo de delação premiada e indica que ex-comandante da Polícia Militar, hoje deputado estadual, foi beneficiado por esquema

O deputado estadual Coronel Camilo (PSD), em reunião com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB)
O deputado estadual Coronel Camilo (PSD), em reunião com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB)Flickr
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Preso desde março por ameaçar uma testemunha, o tenente-coronel José Afonso Adriano Filho negocia um acordo de delação premiada em que promete detalhar as entranhas e os beneficiários de um esquema que desviou mais de 200 milhões de reais da Polícia Militar de São Paulo. Entre os beneficiários citados por Adriano no roteiro da delação está o deputado estadual Coronel Camilo (PSD), ex-comandante da Polícia Militar de São Paulo, ex-vereador e ex-chefe de Adriano na corporação.

Adriano indicou que Camilo recebeu dinheiro desviado da Polícia Militar entre 2005 e 2012. Adriano também levantou suspeitas de que o deputado usou recursos e servidores da PM em uma reforma no apartamento do filho e de que desviou verbas para custear despesas pessoais do herdeiro. Procurado pelo EL PAÍS ao longo de uma semana para comentar as versões de Adriano, Camilo preferiu não falar nada.

Camilo foi comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo entre abril de 2009 e abril de 2012 nos governos de José Serra (PSDB) e Geraldo Alckmin (PSDB), quase metade do período em que ocorreram os desvios de mais de 200 milhões de reais. Antes de comandar a instituição, ele chefiou a PM na região central de São Paulo entre 2007 e 2009 e criou um programa de aproximação da polícia com a comunidade LGBT. Na eleição de 2014 para deputado estadual, Camilo não atingiu o quociente partidário, mas pegou carona nos votos da coligação e conseguiu se eleger. Hoje, é vice-presidente da Comissão de Segurança Pública e expoente da "bancada da bala" na Assembleia Legislativa do estado de São Paulo. Na legislatura empossada em 2012 na Câmara Municipal de São Paulo, foi suplente, mas conseguiu ocupar uma vaga de vereador.

A tentativa de delação premiada de Adriano foi revelada com exclusividade pelo EL PAÍS na semana passada. O tenente-coronel já foi condenado na Justiça Militar à perda da patente e da aposentadoria. E ainda é investigado em mais de 20 inquéritos. O esquema na PM desviou mais de R$ 200 milhões, de acordo com cálculos citados em despachos da Justiça Militar. Mas, até agora, só Adriano foi punido. A investigação anda a passos lentos, mas ficou conhecida nos corredores do Tribunal de Justiça Militar de São Paulo como Operação “Lava Jato da PM”.

Para conseguir um acordo de delação premiada, Adriano terá de apresentar provas de corroboração contra o deputado e outros 18 coronéis. Se acusar sem provas, poderá se complicar ainda mais juridicamente. Ele diz que há provas em um CD e um pen drive apreendidos pela polícia no dia da sua prisão.

Enquanto tentava a delação, ele enviou uma carta de 15 páginas com o roteiro do que pode revelar à Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo. A delação está em negociação com o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Gianpaolo Smanio, porque envolve autoridades detentoras de foro privilegiado.

O deputado chegou a depor como testemunha de defesa de Adriano em ação penal na Justiça Militar de São Paulo. Adriano esperava que o ex-comandante o defendesse das acusações criminais. Isso não aconteceu. Camilo alegou que, como comandante-geral, não sabia das atividades ilegais de Adriano. As investigações ainda precisam esclarecer isso.

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