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Supercopa da Espanha: clássico é a primeira prova para o Barça sem Neymar

Os catalães e o Real Madrid abrem a temporada do futebol espanhol com o primeiro título em jogo

Ramon Besa
Messi conversa com Luis Suárez no treino do Barça.
Messi conversa com Luis Suárez no treino do Barça.Manu Fernandez (AP)

O Real Madrid campeia pela Espanha e pelo mundo como a melhor equipe de  futebol e como o clube de referência, para sorte do seu presidente, Florentino Pérez: “As pessoas torcem para o Real ou falam do Real”. O time joga certamente melhor do que ninguém, tem registros diferentes, dispõe de um elenco com quase 20 titulares, até parece que controla o mercado para evitar que algum adversário se reforce além da conta, disposto a intervir se preciso for, já que tem uma economia saneada, suas multas rescisórias são dissuasivas e o técnico treina como jogava: ao redor de Zinedine Zidane as coisas acontecem com tanta naturalidade que suas intervenções podem ser muito pontuais, mas nem por isso menos decisivas – as melhores para uma entidade tão grandiloquente como o Real Madrid Club de Fútbol.

A trajetória imperial da equipe branca, campeã da Liga Espanhola, da Champions e da Supercopa da Europa, exige desafios contínuos, a começar pelo maior de todos, o sexteto – a conquista dos seis títulos possíveis em uma temporada, algo que só o Barça de Guardiola conseguiu em 2009. Assim, para manter as comparações entre aquele time e o Real de Zidane, ele precisa ganhar a Supercopa da Espanha, um torneio que por si só teria pouco valor, mas que na rixa Real-Barça adquire um tom ribombante, porque, além do mais, será disputado em dois jogos: neste domingo (17.00 no horário de Brasília) no Camp Nou, e na quarta-feira no Bernabéu. O jogo será o primeiro teste do time catalão após a saída de Neymar para o Paris Saint-Germain.

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O clássico espanhol, agora já quase mundial, sempre foi um acontecimento único em qualquer contexto, e frequentemente decisivo por suas repercussões: o Real Madrid do treinador Rafa Benítez se acabou em 2015 depois de um 0 x 4 no Bernabéu, e a equipe de Zidane nasceu no Camp Nou a partir de um 1 x 2. A diferença principal entre esses dois times foi Casemiro, curiosamente titular com o francês e reserva com o espanhol Benítez, hoje treinador do Newcastle, apesar de que ele era o suposto protetor do brasileiro,  A vitória do time madrilenho no seu último jogo no Camp Nou foi o ponto de partida da decolagem do Real e do percurso imaculado da equipe branca, tão aclamado que alguns meios de comunicação e torcedores inclusive pedem ao Barça que lhe preste uma homenagem na apresentação do jogo deste domingo. Como campeão europeu, o Madri só se dobrou a Messi, o mesmo que, depois de definir o placar em 2 x 3 no último clássico no Santiago Bernabéu, mostrou a camiseta azul-grená com o número 10 para a torcida de Madrid.

O Barça vive de Messi. A equipe precisa de um exercício de afirmação futebolística depois de ficar aturdida pelo nocaute de Neymar, cuja saída mostra que os jogadores e os dirigentes vão em direções contrárias, quando se dá ouvidos às declarações do zagueiro Piqué, um dos homens mais relevantes do elenco. O Barça está sendo ignorado, ninguém lhe dá a mínima, nem contrata nem demite jogadores, só se sabe que tem em caixa 222 milhões de euros (838,4 milhões e reais) que não queria, acostumado como estava a ditar o ritmo no mercado com contratações como as de Maradona, Cruyff, e Ronaldinho, até que apareceu Messi e La Masia (o celeiro de jogadores do Barça). Hoje dificilmente o clube aposta nas categorias de base, perdeu o pé no mercado e não se sabe muito bem o que quer nem o que lhe convém, como se tivesse um olho de cada cor, incapaz de encontrar o meia que lhe devolva a pausa, o saber estar e o estilo do agora aposentado Xavi. O PSG e o Qatar azedam a vida do Barcelona.

A sensatez agora está no banco, com o novo treinador, Ernesto Valverde. À espera de reforços, o técnico joga com Denis Suárez ou Deulofeu, garotos de La Masia. Uma vez desfeita a tripla Messi-Suárez-Neymar (o badalado tridente) o Barça irá recorrer menos aos contra-ataques e voltará às suas origens, ou seja, ao time como uma unidade: as linhas estarão mais juntas, a pressão depois de perder a bola será obrigatória, haverá muita intensidade, a organização terá de sair do passe, e o resultado dependerá muito da inspiração de Messi, autor de 23 gols em 32 jogos contra o Real – embora se saia muito melhor no Bernabéu que no Camp Nou, onde não marca desde que a meta madrilenha era defendida por Iker Casillas.

Apesar das dúvidas que ainda cercam o goleiro titular Keylor Navas, o Real tem jogadores de sobra para enfrentar o Barça. A ausência por sanção de Modric será coberta por Kovacic ou por Isco, e também é possível que Theo -uma das novidades do elenco- e Asensio sejam escalados como titulares. Cristiano Ronaldo jogará bastante tempo num estádio onde se dá especialmente bem. O Real precisa dos seus gols para arredondar o futebol precioso dos seus meias, uma coleção de jogadores que, nas mãos de Zidane, evoca a época de Guardiola no Barça.

A torcida madridista pede um placar de impacto no Camp Nou, como os que o Barcelona obtinha no Bernabéu, agora que nada parece proibido para a equipe de Zidane. Os torcedores barcelonistas, por sua vez, continuam na expectativa, preocupados com a indefinição do clube, depois do extravio e desorientação da diretoria, consciente de que não pode errar nas contratações. A razão de ser do Barça volta a ser ganhar do Real, nem que seja num amistoso como o que jogaram há pouco em Miami (vitória do Barça 3-2) ou na Supercopa de Espanha. Os azuis-grenás falam de jogos e de Messi, enquanto os brancos pensam em títulos e na obra coral de Zidane. O clássico nunca foi um encontro menor, mesmo no meio das férias de verão da Europa, quando a Liga ainda nãoc omeçou, o sorteio da Champions não aconteceu e Neymar se alterna entre Paris e Saint-Tropez.

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