A consagração de Lionel Messi
Craque argentino chega a 500 gols pelo Barcelona após jejum no campo do Real Madrid e dá vitória aos catalães no último minuto do clássico
Era preciso ser atrevido para dar “bom dia” a Lionel Messi. O camisa 10 andava irritado inclusive nas rodas de bobo do Barcelona antes do duelo com o Real Madrid. Mas nada que uma atuação de gala no clássico espanhol não pudesse aplacar. Messi acabou com o jogo no Santiago Bernabéu, marcou duas vezes na vitória por 3 x 2 do Barça, de virada, e chegou aos 500 gols pelo clube. Uma noite mágica para o argentino, que ostenta a marca de 47 gols em 46 partidas na temporada. Ao fazer o gol da vitória no último minuto do segundo tempo contra o Real, ele tirou a camisa e exibiu o manto blaugrana para calar o Bernabéu. Uma cena tão emblemática quanto inimaginável, pelo cenário traçado ao longo da semana.
Messi, assim como toda a equipe culé, saiu mal da eliminação para a Juventus, sobretudo porque não conseguiu fazer um gol sequer em duas partidas e permanece sem jamais ter conseguido balançar as redes de Buffon. O argentino não estava de bom humor, ainda afetado pelo impacto da Champions. Por meio de Messi, o Barcelona esperava reduzir a vantagem do Real Madrid na quantidade de títulos europeus. E acabou só ganhando um nos últimos seis anos – Berlim 2015 depois de Londres 2011 –, no momento em que o argentino parece ter passado pelo auge, prestes a completar 30 anos, e segue sem marcar gols nas quartas do principal campeonato de clubes da Europa.
Acima de qualquer coisa, Messi não se discute, nem mesmo depois do empate de quarta-feira no Camp Nou, mas se debate a respeito de qual deve ser sua posição em campo e se pergunta se convém ou não dar continuidade ao tridente com o qual Josep Maria Bartomeu alcançou a presidência depois de conseguir a trinca de títulos da Champions, do Espanhol e da Copa do Rei logo após a chegada de Luis Enrique. Luis Suárez já soma cinco partidas sem marcar, e Neymar não pode jogar no Santiago Bernabéu.
Leo, por sua vez, já disputou mais minutos do que qualquer outro (3.774) e marcou tantos ou mais gols do que em temporadas anteriores: 47, completando 500 com a camisa do Barcelona. Também ampliou seu currículo impecável como maior goleador da história do clássico: 23 gols em 32 partidas, sendo 14 em Madri, local onde ainda se recorda seus dois golaços em abril de 2011, antes da final europeia em Wembley. Ele é o jogador que mais marcou gols no Real em seus domínios. O craque deu o sangue em campo, literalmente. Anotou seu primeiro gol no clássico, após linda jogada individual, ainda com um curativo na boca, que foi atingida por uma cotovelada de Marcelo.
Além do abalo pela queda na Champions, ele também amargava um jejum na casa do arquirrival desde março de 2014, em tempos de Tata Martino, quando fez três gols, com dois de pênalti: 4 x 3. Pela primeira vez, Messi balançou as redes do Real Madrid com Luis Enrique como técnico. Na temporada passada, só disputou 34 minutos na goleada catalã em Madri: 4 x 0. O argentino voltava de uma lesão e propiciou que Sergi Roberto jogasse como falso ponta contra a equipe de Rafa Benítez. De alma lavada, para encerrar de vez a fase sem sorrisos, o artilheiro da liga, com 31 gols, tirou a alegria do Bernabéu e colocou o Barcelona de volta na briga pelo título espanhol. Não se pode duvidar de Lionel Messi.
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