Preso homem suspeito de atropelar seis militares nos arredores de Paris
Governo diz que ação foi proposital, mas não há confirmação de que se trate de atentado terrorista
Um homem foi preso suspeito de ser o motorista que atropelou, nesta quarta-feira, um grupo de soldados da operação antiterrorista Sentinelle na França, alocados em Levallois-Perret, nos arredores de Paris. Embora ainda não haja confirmação de que se tratou de um ataque terrorista, o atropelamento foi, sem dúvida, um "ato deliberado", nas palavras do ministro do Interior, Gérard Collomb. A procuradoria antiterrorista abriu uma investigação sobre o incidente, no qual seis militares ficaram feridos, três deles em estado grave, apesar de não correrem risco de morte, segundo confirmou o Ministério da Defesa.
O suspeito foi baleado pela polícia no momento de sua prisão, enquanto tentava fugir pela rodovia A16, que liga Boulogne-sur-Mer com Calais, em direção ao norte da França. O primeiro-ministro, Édouard Philippe, confirmou em discurso na Assembleia Nacional a prisão de um homem "a bordo do veículo identificado" como o que foi usado no ataque contra os militares. Embora não tenha revelado detalhes da operação, de acordo com a imprensa francesa o suspeito é um homem que nasceu em 1980 e, ao perceber a presença da polícia na estrada, tentou fugir. A Polícia Nacional apenas confirmou que os agentes "dispararam para neutralizar o indivíduo." De acordo com a rede de TV BFM, o suspeito está em estado grave. Após o atropelamento dos militares teve início uma forte operação na tentativa de localizar o motorista e o veículo utilizado, um BMW preto, que foi filmado por câmeras de segurança na área do ataque.
A seção anti-terrorista da procuradoria trabalha sob a premissa de "tentativa de assassinato de autoridades públicas em relação a um ato terrorista", informa a agência France Presse.
Apesar dos crescentes indícios de que se trata de um atentado, as autoridades francesas se mostraram muito cautelosas até o momento. “A investigação em curso determinará a motivação e as circunstâncias nas quais ocorreu”, disse a ministra da Defesa Florence Parly, em um comunicado no qual se limitou a condenar o “ato covarde”. Também o porta-voz do Governo, Christophe Castaner, se mostrou precavido ao comparecer diante da imprensa depois do último conselho de ministros e falou de um “ataque” cuja natureza terrorista não deverá ser determinada pelos investigadores, sublinhou.
Do que ninguém duvida é de que não se trata de um acidente. O prefeito de Levallois-Perret, Patrick Balkany, afirmou desde o primeiro momento que, “sem dúvida” se tratou de um “ato deliberado”.
O carro estava “posicionado” diante das instalações usadas como quartel para os militares do 35º Regimento de Infantaria da cidade, na Plaza de Verdún, e esperou que os oficiais saíssem em grupo para começar sua patrulha, por volta das 8 da manhã, para se lançar contra eles, explicou em uma entrevista na rede BFM TV. É uma “agressão odiosa contra os militares”, insistiu mais tarde Balkany, que não descartou que sua cidade tenha sido escolhida porque ali está a sede da Direção Geral de Segurança Interior (DGSI), o serviço de espionagem francês do interior, localizado a apenas 800 metros do local do ataque.
O senador de Hauts-de-Seine também não acredita que o atropelamento tenha sido acidental. “Não é um acidente de trânsito clássico”, afirmou Roger Karoutchi. Argumento reforçado pelo lugar em que o atropelamento ocorreu, onde dificilmente o motorista teria perdido o controle do veículo.
O quartel fica em frente a um parque em uma região de pouco movimento e o carro do suposto agressor se dirigiu aos militares em sentido proibido. “O carro avançava suavemente e, a cerca de cem metros (dos militares), acelerou, então sabemos que foi um ato deliberado, não acidental”, explicou o ministro do Interior Collomb depois de visitar três dos militares feridos mais levemente e que foram transferidos para o hospital militar parisiense de Bégin. A gravidade dos outros três oficiais feridos parece ser menor do que em um primeiro momento se temeu, acrescentou seu colega de Defesa, que logo após o conselho de ministros de quarta-feira visitou os soldados com Collomb.
Os militares, que pertencem ao 35º Regimento de Infantaria, foram imediatamente hospitalizados.
Militares no alvo
A operação Sentinelle teve início em janeiro de 2015, depois dos ataques terroristas contra a revista Charlie Hebdo e um supermercado judaico em Paris. Cerca de 7.000 militares fazem parte da operação vigente dentro do estado de emergência em que o país está há dois anos. Policiais e militares foram nesse tempo um dos alvos preferidos dos extremistas.
Os soldados da operação Sentinelle foram alvo de agressões em Nice em fevereiro de 2015, em Valence (sul) em janeiro de 2016, no aeroporto parisiense de Orly em abril de 2015 e em março de 2017, e no museu do Louvre em fevereiro de 2017.
No sábado passado, um jovem internado em um centro psiquiátrico que estava de licença atravessou um comando de segurança aos pés da Torre Eiffel, sacou uma faca e empurrou um guarda de segurança. Depois de sua prisão, disse que queria “cometer um atentado contra um militar”. O jovem voltou a ser colocado sob vigilância psiquiátrica.
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