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No Rio, megaoperação com as Forças Armadas nas favelas apreende só três pistolas

Milhares de soldados foram às ruas, após Governo do Estado pedir auxílio aos militares, mas resultados contrastam com o tamanho da mobilização

María Martín
Um soldado em frente à favela Morro do Macaco durante a operação deste sábado no Rio de Janeiro.
Um soldado em frente à favela Morro do Macaco durante a operação deste sábado no Rio de Janeiro.APU GOMES (AFP)

Várias favelas da zona norte do Rio de Janeiro e arredores amanheceram neste sábado tomadas pela polícia e cercadas por 3.600 soldados das Forças Armadas e quase 1.000 policiais militares e civis. O objetivo era reprimir o roubo de cargas, uma das atividades mais lucrativas dos traficantes de drogas. A operação é a segunda fase do chamado Plano Nacional de Segurança que há uma semana colocou nas ruas do Rio, pela terceira vez em um ano, 8.600 militares para tentar reduzir os altos índices de criminalidade da cidade.

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No final da tarde, os números da operação, no entanto, estavam longe da grandiloquência da mobilização de homens armados, helicópteros e tanques. A polícia cumpriu 18 ordens de prisão, mas nove de seus objetivos já estavam na cadeia. Ainda, cinco pessoas foram presas em flagrante e três morreram em tiroteios com os agentes, de acordo com dados oficiais. Até a finalização desta reportagem, a polícia havia apreendido apenas três pistolas, duas granadas, quatro quilos de cocaína e 13 de maconha.

O roubo de caminhões com cargas, que vão de objetos enviados pelo correio até toneladas de tabaco, carne ou iogurte que são vendidos clandestinamente, tornou-se um problema crônico no Rio de Janeiro. Além do tráfico de drogas, os criminosos que dominam as favelas encontraram nesse crime uma suculenta fonte recursos tornando importantes vias da cidade intransitáveis para os caminhoneiros. Nos primeiros seis meses deste ano houve mais de 5.000 roubos desse tipo, 27 por dia. Cerca de 25% a mais do que no mesmo período do ano passado.

O Estado do Rio, sem dinheiro para pagar seus funcionários públicos e manter uma mínima qualidade em seus serviços básicos, teve de recorrer ao Governo Federal para o envio de tropas com o objetivo de conter as atividades do crime organizado. Cerca de 8.600 soldados desembarcaram no Rio no fim de semana passado, além de um contingente de policiais federais rodoviários e membros da Guarda Nacional. As tropas vão permanecer até dezembro, mas se dá como certo que o prazo será prolongado até o fim de 2018, quando serão realizadas eleições presidenciais.

O objetivo, como foi visto durante os Jogos Olímpicos há exatamente um ano, é integrar as diferentes forças de segurança estaduais e federais no combate ao crime, embora isso não necessariamente produza os resultados esperados. Durante os Jogos, com 21.000 soldados patrulhando até as praias cariocas, os roubos nas ruas aumentaram mais de 66%; os roubos de carga subiram 50% e o de veículos 33%. Durante a Copa do Mundo de 2014, que também contou com o apoio das Forças Armadas, essas taxas também dispararam.

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