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México registra oitavo assassinato de jornalista neste ano

Luciano Rivera, repórter de uma TV local, levou um tiro na cabeça num bar na cidade de Rosarito

Elena Reina
O jornalista mexicano Luciano Rivera.
O jornalista mexicano Luciano Rivera.FACEBOOK

O repórter mexicano Luciano Rivera estava num bar com algumas amigas, na noite de domingo, quando se tornou o oitavo jornalista assassinado neste ano em seu país. Por volta de 1h40 da madrugada de domingo para segunda-feira, cinco homens entraram no estabelecimento, na localidade litorânea de Rosarito (Baixa Califórnia, noroeste do México) e tiveram uma discussão com ele. Um dos homens sacou uma pistola e destroçou seu rosto com um tiro que entrou pelo nariz e saiu pela nuca. E, embora as autoridades não tenham confirmado se há alguma relação com seu trabalho, com essa morte são quase dois repórteres assassinados por mês entre março a julho deste ano. E o México surge como um dos lugares mais letais do mundo para exercer este ofício.

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“Descanse em paz, nosso companheiro Luciano Rivera, em nome dos que trabalhamos na CNR TV, obrigado a todos os que enviaram mensagens e a quem tem falado por telefone com o canal”, dizia, na manhã da segunda-feira, um comunicado da emissora local CNR, onde o jornalista trabalhava, além de dirigir a revista Dictamen.

Na madrugada do crime, Rivera estava num conhecido bar de Rosarito, o La Antigua, numa das principais ruas do balneário. A subprocuradora regional Patricia Librada Ortega disse que, segundo as primeiras investigações, cinco homens chegaram ao local e mantiveram uma discussão com o repórter por causa de uma das amigas que o acompanhavam. “Não temos nenhum dado de que haja alguma relação com a atividade jornalística da vítima”, disse a subprocuradora.

Os agressores saíram em seguida, com o mesmo táxi no qual haviam chegado. Mais tarde, as autoridades detiveram o motorista e encontraram uma pistola, a suposta arma do crime, dentro do carro. Por enquanto, esse é o único detido pelo homicídio de Rivera. Num vídeo de uma câmera de vigilância do bar se observa os clientes saindo muito assustados do local.

Dos oito repórteres assassinados neste ano no país, nenhum vivia na capital. Cecilio Pineda, morto em março, morava num povoado do Estado de Guerrero; Ricardo Monluí, numa cidade pequena de Veracruz; Miroslava Breach, em Chihuahua; Maximinio Rodríguez, na Baixa Califórnia do Sul; Javier Valdez, em Sinaloa; e Jonathan Rodríguez em um povoado de Jalisco. O caso mais recente foi o de Salvador Adame, que dirigia um canal de televisão na Tierra Caliente de Michoacán, uma região com um histórico de violência, à mercê dos cartéis do narcotráfico e outras quadrilhas.

O assassinato de Javier Valdez, em maio, foi a gota d’água para a indignação nacional. A imagem de um dos jornalistas mais respeitados do México e Estados Unidos alvejado com 12 tiros, de joelhos e em plena luz do dia em Culiacán, fez com que o caso se tornasse um catalisador da reação governamental. A sanha e o descaramento dos pistoleiros geraram tamanha reação – principalmente entre os profissionais da mídia – que obrigaram o presidente Enrique Peña Nieto a anunciar novas medidas para a proteção dos jornalistas.

As críticas surgiram quase imediatamente, quando os próprios colegas de Valdez recordaram que o Governo já administrava um mecanismo de proteção de jornalistas, e que, dados os elevados índices de violência contra eles, não se tratava de um sistema muito eficiente.

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