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Senador republicano John McCain é diagnosticado com câncer no cérebro

Político norte-americano, de 80 anos, estava sob observação depois de passa por uma cirurgia

P. X. S.

O senador norte-americano republicano John McCain, 80 anos, está com um câncer no cérebro. Os médicos detectaram a existência do tumor na semana passada, quando McCain passou por uma cirurgia por causa de um coágulo no olho esquerdo. Sua família, segundo nota divulgada pela clínica onde ele está internado, avalia as possibilidades de tratamento. McCain foi candidato à presidência do país em 2008 e é uma das figuras políticas mais respeitadas do Partido Republicano.

John McCain, em 22 de julho, no Capitólio.
John McCain, em 22 de julho, no Capitólio.Andrew Harnik (AP)

Em nota, a Clínica Mayo, de Phoenix, afirma que “o senador e sua família avaliam com a equipe desta clínica as possíveis opções de tratamento”. Essas opções “incluem uma combinação de quimioterapia com radioterapia”. O médico de McCain “afirma que ele está se recuperando ‘inacreditavelmente bem’ da cirurgia e que seu estado de saúde geral é excelente”.

O tumor tinha relação com o coágulo no olho em que McCain foi operado. Os médicos extraíram o tumor. Trata-se de um gliobastoma, uma forma agressiva de câncer.

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Não é a primeira vez que McCain se vê obrigado a enfrentar um câncer. Em 2000, ele teve de retirar um melanoma, repetindo a mesma cirurgia em 2002.

A situação de saúde de McCain foi utilizada pelo líder republicano no Senado, Mitch McConell, para adiar, na semana passada, a votação do programa que visa a desmantelar o sistema de saúde criado pelo presidente Barack Obama. Com dois votos republicanos contrários garantidos, o de McCain era imprescindível. No entretempo, outras duas defecções republicanas acabaram por afundar o projeto.

Não estava claro, nesta quarta-feira, quando McCain poderá retomar suas funções no Senado, ou se chegará a se reincorporar realmente; caso isso não ocorra, os republicanos ficariam a média prazo com uma maioria de apenas um voto.

O senador ligou para seu colega do Arizona, o senador Jeff Flake, que em seguida tuitou: “Acabo de falar com McCain. Um diagnóstico duro. Mas um homem mais duro ainda”.

A notícia provocou imediatamente uma onda de reações de outros membros do Senado. O presidente do país, Donald Trump, divulgou um comunicado em que afirma que sua mulher e ele enviam os melhores votos “ao senador McCain, Cindy e toda a sua família”.

John McCain chegou ao Senado dos EUA em 1986 para ocupar a cadeira pelo Arizona do legendário Barry Goldwater, candidato nas eleições presidenciais de 1964. Foi reeleito cinco vezes, a última no ano passado, por mais um período de cinco anos. Em 2008, ele foi candidato pelo Partido Republicano à presidência dos EUA. Perdeu a disputa para Obama. É visto como um moderado e um dos vestígios de uma outra época, em que o Senado era menos dividido por causa das disputas partidárias. É presidente da Comissão das Forças Armadas do Senado.

O ex-presidente Obama também reagiu à notícia no Twitter: “John McCain é um herói americano e um dos lutadores mais valentes que conheci. O câncer não sabe com quem está lutando. Dá-lhe duro, John”.

Antes de sua carreira de mais de três décadas em Washington, McCain foi piloto do Exército dos Estados Unidos. Ele foi abatido durante uma missão no Vietnã, em 1967. Passou mais de cinco anos preso e sofreu torturas que lhe deixaram sequelas físicas para o resto da vida, evidentes no rosto e na posição de seus braços.

Em julho de 2015, no início da campanha eleitoral, o então improvável candidato Donald Trump disse durante um comício em Iowa que McCain “não é um herói de guerra, porque foi capturado”. “Eu gosto dos que não foram capturados”.

O público reagiu com estupor e o comentário recebeu a condenação de todo o Partido Republicano. Antes, McCain irritara Trump ao dizer que o candidato estava “atiçando os loucos” nas bases republicanas. A antipatia entre as duas figuras era visível, embora McCain tenha acabado apoiando Trump como candidato depois de sua nomeação pelo partido em meados de 2016.

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