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Empresas mexicanas pagaram o equivalente a 291 milhões de reais em subornos em 2016

Pesquisa revela que a despesa média em corrupção foi de 2.224 reais

Luis Pablo Beauregard
Escritório que expede carteiras de motorista
Escritório que expede carteiras de motoristaIsaac Esquivel (Cuartoscuro)

Mordida, suborno, ajuda ou propina. Um dos vícios mais enraizados no México tem nomes diferentes, mas não há estudos suficientes para ajudar a quantificar o dano que essa prática nefasta gera para a economia local. O Instituto Nacional de Estatística e Geografia (Inegi, na sigla em espanhol), um renomado órgão do Governo mexicano, apresentou nesta semana os resultados de sua primeira pesquisa realizada com empresas e estabelecimentos comerciais para saber o impacto que o marco regulatório governamental provoca nelas. Os resultados mostraram, entre outras coisas, que as unidades de negócio gastaram cerca de 1,6 bilhão de pesos (cerca de 291 milhões de reais) em 2016 para agilizar trâmites ou evitar multas e sanções.

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Em média, cada empresa teve de desembolsar 12.243 pesos (2.224 reais) em atos de corrupção no ano passado. Esse valor é quase oito vezes superior ao salário mínimo mensal recebido por sete milhões de trabalhadores no México. A Pesquisa Nacional de Qualidade Regulatória e Impacto Governamental (Encrige, na sigla em espanhol) consultou 34.681 estabelecimentos, de pequenas lojas a grandes empresas em todos os setores, de serviços à mineração. Cada uma delas fez uma média de 19,5 trâmites em escritórios dos três níveis de Governo.

Os micro e pequenos empresários se percebem como os mais afetados pela burocracia que entorpece os escritórios do Governo para pagamentos ou solicitações de serviços. No entanto, a pesquisa mostra que as vítimas de atos de corrupção crescem de acordo com o tamanho da empresa ou o sucesso da indústria. Nacionalmente, o Inegi estima que o setor micro – que responde por 95% do total de empresas do México, criando 40% dos empregos do país – tem uma taxa de 534 vítimas por 10.000 unidades de negócio. Esse tipo de empresa emprega menos de dez pessoas e de acordo com cálculos do Governo gera lucros de quatro milhões de pesos por ano. A pesquisa revela que essas empresas se viram obrigadas a pagar cerca de 9.000 pesos (1634 reais) em corrupção em 2016.

Esse esforço financeiro aumenta sucessivamente até chegar às 1.317 vítimas por 10.000 unidades de negócio quando se fala das grandes empresas. Estas gastaram, em média, 48.000 pesos (8.604 reais) no ano passado em corrupção. A indústria é o setor mais afetado em comparação com o comércio e os serviços, pois atinge uma taxa de 755 vítimas por 10.000 unidades de negócio.

É uma prática generalizada em todo o país, como revela o Inegi. Cerca de 82% das empresas consultadas acreditam que os atos de corrupção são frequentes. Os comerciantes de Tabasco, Veracruz e Cidade do México são os que perceberam atos de corrupção “frequentes” e “muito frequentes” em suas instituições. Por outro lado, os empresários de Colima e Nayarit são os que menos a percebem, pois sua sensação (62%) está muito abaixo da média. Em um total de 32 Estados, no entanto, 10 estão acima da média nacional: Sonora, Sinaloa, Nuevo León, Zacatecas, Jalisco, Veracruz, Tabasco, Chiapas, Estado do México e a capital do país.

A Encrige foi realizada durante o mês de novembro e a primeira quinzena de dezembro do ano passado em lojas e empresas dos setores de mineração, eletricidade, abastecimento de água e gás, construção, manufatura e serviços. A pesquisa mostra que a corrupção é um assunto cotidiano. Apenas 13% dos entrevistados vincularam os subornos a licitações ou à obtenção de contratos com o Governo. A maioria, no entanto, disse que os subornos são dados para agilizar os trâmites do Governo (64%) ou evitar multas ou sanções (39%). Outros 30% relacionaram os subornos à obtenção de licenças ou autorizações e para evitar o fechamento de estabelecimentos.

A pesquisa também revela que em 2016 as empresas gastaram mais de 115 bilhões de pesos no pagamento de taxas. Isso representa 0,56% do PIB. A média de encargos administrativos pagos pelas empresas foi de 48.871 pesos (8.870 reais). Apesar disso, 20% dos empresários consideram que as normas, trâmites, solicitações e inspeções de seus estabelecimentos representam um obstáculo para os negócios. O diagnóstico está feito, falta a solução para um dos males mais antigos do México.

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