Único clube brasileiro sem dívidas enfrenta processos na Justiça por indenização
Mesmo com baixo faturamento, Chapecoense consegue manter time competitivo e contas no azul, mas pode ter saúde financeira comprometida por ações de familiares das vítimas do acidente aéreo
Em processo de reconstrução após o acidente de avião na Colômbia, a Chapecoense, finalista do Campeonato Catarinense, acumula mais um feito notável em sua história. É o único clube do Brasil que não tem dívidas. De acordo com levantamento realizado pelo consultor de marketing e gestão esportiva, Amir Somoggi, com base nos balanços financeiros divulgados pelos 20 clubes da Série A, referentes ao ano de 2016, a Chape zerou seus débitos – que batiam na casa dos 2 milhões de reais em 2015 – e acumulou uma receita total de 74,8 milhões, com incremento de 28 milhões em relação ao ano anterior. Um dos fatores que contribuíram para o aumento foi a premiação de 6,9 milhões pelo título da Copa Sul-Americana, cedido pelo Atlético Nacional. Embora seja o segundo clube da primeira divisão nacional que menos arrecadou, a equipe catarinense registrou superávit de 6,8 milhões no exercício.
“A Chapecoense é um exemplo de gestão para os clubes brasileiros”, afirma Somoggi. “Não tenho conhecimento de nenhum outro clube do Brasil, mesmo em divisão inferiores, que tenha conseguido zerar sua dívida. Acredito que, mesmo depois da tragédia, a Chapecoense irá se manter nesse caminho, porque já mostra organização há muito tempo. É claro que existe uma preocupação pela questão trabalhista, já que eventuais pagamentos de indenização às famílias das vítimas podem arrasar as finanças do clube. Mas, pelo menos até aqui, a diretoria tem mantido a filosofia de gestão responsável na remontagem da equipe.”
O presidente da Chape, Plínio David de Nês, o Maninho, afirma que o orçamento de 2017 está dentro da realidade do clube. Ele destaca que, apesar de ter tido que contratar praticamente um elenco inteiro no início da temporada, o Verdão turbinou as contas com novas receitas, como o crescimento do programa de sócio-torcedor e as premiações pela disputa da Copa Libertadores. “A Chapecoense sempre prezou por uma boa administração, sem excesso de gastos. Não há motivos para mudar nossa maneira de conduzir o futebol”, diz o presidente.
Maninho também ressalta que o clube segue conversando com famílias das vítimas para definir as compensações pelo acidente. Algumas delas, como a do técnico Caio Júnior, que reivindica cerca de 30 milhões de reais, acionaram a Chapecoense na Justiça e cobram pagamentos milionários de indenização. Entretanto, o mandatário alviverde acredita que chegará a um acordo que não comprometa a saúde financeira do clube. “Somos solidários às famílias. A maioria delas entendeu que estamos fazendo tudo que é possível para ajudá-las e solucionar um problema complexo, que não é só nosso e envolve várias partes. Mas garanto que a Chapecoense não vai parar de fazer ações para arrecadar fundos para as famílias.”
No próximo dia 10 de maio, a Chapecoense completa 44 anos e vai retornar à Colômbia para a disputa da partida decisiva pela Recopa Sul-Americana, diante do Atlético Nacional. A equipe brasileira venceu o primeiro duelo por 2 x 1, em Chapecó, e terá a vantagem do empate no jogo de volta.
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