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Índios gamela

Presidente da Funai pede diálogo no Maranhão, mas não visitará área de conflito

Sem apoio para ficar no cargo, Antônio Costa reclama do corte de verbas da fundação Frente de trabalho vai acompanhar situação de indígenas atacados em povoado de Bahias

Marina Rossi

O presidente da Funai, Antônio Costa (PSC), afirmou nesta terça-feira que aposta no diálogo para resolver os conflitos por demarcações de terra no país. Apesar disso, ele ainda não conversou com o ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB), a quem a pasta é submetida, sobre a situação no Maranhão. No domingo, um conflito por terras deixou 13 indígenas da etnia Gamela feridos, no que o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) classificou como um ataque de fazendeiros. Três indígenas ainda estão hospitalizadas, um com fraturas expostas nos braços.

Área onde ocorreu o conflito, em Viana, no Maranhão.
Área onde ocorreu o conflito, em Viana, no Maranhão. Cimi / divulgação
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Em entrevista coletiva concedida nesta terça-feira, 48 horas após o conflito no Maranhão, Costa disse que a Fundação criou um comitê de crise para lidar com os confrontos, e uma frente de trabalho para acompanhar o conflito no povoado das Bahias, localizado no município maranhense de Viana. Ele, porém, não irá pessoalmente até o local para averiguar o ocorrido. "Mas o nosso pessoal estará lá", disse para jornalistas, após uma reunião de trabalho na manhã desta terça-feira.

Durante a entrevista, Costa reclamou dos cortes orçamentários sofridos pela Fundação e disse que os conflitos de terra devem ser resolvidos pelas três esferas do poder: prefeituras, governos estaduais e o Federal, "para que não caia só nos ombros da Funai", disse. "Nós não temos condições de resolver todos os processos".

Antônio Costa foi nomeado para o cargo no início do ano, depois que o presidente Michel Temer tentou colocar um general da reserva do Exército para o controle da instituição. Pressionado por movimentos indigenistas, Temer acabou recuando, e escolhendo Antônio Costa. Porém, desde o mês passado, Costa balança do cargo.

Apadrinhado pelo deputado André Moura (PSC-CE), líder do Governo no Congresso Nacional, Costa não tem respaldo do Governo Temer. No último dia 20, Costa ficou na corda bamba, depois que se recusou a nomear uma série de políticos para cargos técnicos. Mas falta de um nome capaz de apaziguar os ânimos, em meio a uma série de conflitos no campo e com indígenas, ajuda a manter o presidente da Funai no cargo.

"Irmãos"

Ainda na entrevista desta terça, Costa afirmou que "não tem como evitar" os conflitos por terra. "São conflitos às vezes premeditados, que ocorrem e a instituição tem procurado levar a paz no campo, buscando o diálogo e esse é o pensamento do presidente da Funai", afirmou.

"A questão da terra não é tão fácil de resolver. O que precisa neste momento é o diálogo. Os índios brasileiros são os nossos irmãos brasileiros", disse Costa. Apesar de reafirmar a necessidade do diálogo, ao que parece, a instituição não está tão afinada com o ministério da Justiça, pasta à qual a Funai é subordinada. Um levantamento realizado pela Folha de S. Paulo mostrou que o ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB), realizou 100 audiências com integrantes da Frente Parlamentar Agropecuária, que estão do outro lado dos embates com as comunidades indígenas, e com políticos investigados pela Lava Jato. Serraglio, porém não se encontrou nenhuma vez com representantes e movimentos indigenistas.

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