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EUA admitem concessões à China em troca de ajuda contra “ameaça” coreana

O presidente norte-americano está disposto, inclusive, a não declarar o parceiro comercial como manipulador da própria moeda

O presidente Donald Trump com Xi Jinping em Mar-a-Lago.
O presidente Donald Trump com Xi Jinping em Mar-a-Lago.CARLOS BARRIA (REUTERS)

Donald Trump volta a ajustar sua doutrina, se é que tem uma. O presidente dos Estados Unidos fala agora de fazer concessões econômicas à China em troca de ajuda para neutralizar a ameaça da Coreia do Norte. Nesse sentido, mostra-se partidário de não declarar seu principal parceiro comercial como país manipulador da própria moeda. Ao contrário, considera que o dólar está “forte demais” mas não atribui apenas a que outros países desvalorizem suas moedas.

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O Tesouro norte-americano costuma publicar em meados de abril seu relatório semestral sobre o mercado internacional de câmbio. Este ano havia grande interesse em Wall Street para saber como Trump transferiria a retórica protecionista da campanha para a realidade. O então candidato prometeu que não recuaria um milímetro rotular a China como manipuladora de sua moeda.

Voltou a dizer isso no primeiro dia no Salão Oval. Mas, três meses depois, o inquilino da Casa Branca reconsidera sua postura e se distancia de um dos pilares principais de sua campanha. “Não são manipuladores de sua moeda”, afirmou o presidente em uma entrevista ao The Wall Street Journal menos de uma semana depois de sua reunião com o presidente chinês, Xi Jinping, em Mar-a-Lago.

Trump, em suas próprias palavras, ofereceu a Xi um acordo comercial mais favorável em troca de ajuda para enfrentar a ameaça nuclear da Coreia do Norte. Como se se tratasse de um pacto comercial, o presidente afirma que, apesar de não gostar de ver o déficit da balança em níveis tão altos, a barganha “vale a pena” e que denunciar a China como manipuladora poderia complicar o diálogo.

O relatório anterior do Tesouro publicado em outubro, quando o democrata Barack Obama ainda era presidente, citava a China e outros cinco países entre as economias que eram acompanhadas de perto por suas práticas injustas. Evitava assim chegar ao extremo de acusá-las diretamente, algo que não faz desde 1994. O secretário do Comércio, Wilbur Ross, está elaborando uma lista negra de países que prejudicam o comércio, para tomar medidas a respeito.

É o dólar, não o yuan

A China se absteve, além disso, na quarta-feira, dia 12, do voto no Conselho de Segurança quanto à resolução apoiada por Estados Unidos, França e Reino Unido que solicitou uma investigação do ataque químico na Síria. Na prática, tem pouca utilidade, porque o rascunho foi vetado pela Rússia. Pequim, além disso, já renunciou a usar o bloqueio em outras ocasiões. Trump, no entanto, considera que é uma demonstração de que quer cooperar.

Na entrevista, o presidente dá mais um nó em sua interpretação da realidade. Não é que o yuan esteja fraco demais, afirmou, é que o dólar “está forte demais”. E nesse sentido diz que “a culpa em parte é minha”. “As pessoas confiam em mim”, acrescentou. Mas também disse que a valorização do dólar “acabará causando danos”, referindo-se à perda de competitividade para as empresas exportadoras.

O dólar valorizou 2% desde as eleições. É pouco comum que o inquilino da Casa Branca coloque em dúvida a força do dólar. Mas também não é a primeira vez que Trump diz isso. A reação foi imediata no mercado de câmbio e em apenas 15 minutos a moeda dos EUA perdeu 0,5% de seu valor. O presidente também diz agora que gosta de uma política de juros baixos.

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