Fila da consulta: quase cinco meses para ser atendido por um especialista em São Paulo
Dados da Prefeitura de São Paulo mostram que 382.817 pessoas esperam por consulta Ser atendido por um cirurgião pode demorar quase nove meses. Doria quer novo Corujão
Uma mulher com incontinência urinária que compareça a um posto de saúde da rede municipal de São Paulo para marcar uma consulta com um uroginecologista (especialista no tratamento urinário) poderá demorar um ano e dois meses para ser atendida. Se buscar um ginecologista especialista em reprodução humana, a demora pode ser de um ano e um mês. E, caso um homem precise de um proctologista, a espera será, em média, de nove meses. É o mesmo tempo médio para se conseguir atendimento com um cirurgião. Os números da fila de consultas na rede pública de São Paulo, repassados pela prefeitura a pedido do EL PAÍS, mostram que há 382.817 pedidos na espera para um agendamento com um especialista clínico ou cirúrgico, em março passado, últimos dados divulgados. A gestão do prefeito de João Doria (PSDB) agora planeja um novo Corujão da Saúde, para diminuir a espera por cirurgias.
Os dados sobre as filas atuais da rede pública municipal eram pedidos à gestão desde o início de fevereiro. A prefeitura não havia respondido pelos dois canais utilizados pela reportagem: a assessoria de imprensa e o site da Lei de Acesso à Informação. Uma das críticas feitas por especialistas ao Corujão de Doria, uma espécie de mutirão de alguns exames, era que não adiantava acelerar a realização desses procedimentos se não fossem aceleradas, também, as consultas com os especialistas que poderiam analisá-los. Alguns defendiam, até, que a fila dessas consultas poderia aumentar, com o reforço de pessoas atendidas pelo Corujão. A prefeitura não enviou os dados de dezembro. Dados de julho passado da gestão Haddad apontam que o número era um pouco menor do que atual (334.347), mas não é possível saber se ao longo do segundo semestre ele aumentou ou diminuiu.
Os dados mostram que, em média, a consulta com um especialista clínico na rede pode demorar quase cinco meses. E com um especialista cirúrgico, que tem 54.198 pedidos na espera, quase nove meses. Pequenas cirurgias podem demorar mais ainda: cerca de 10 meses. Elas eram o foco do programa eleitoral de Fernando Haddad (PT), o Rede Hora Certa, que buscava implementar unidades de saúde que funcionam como pequenos hospitais-dia para atender casos cirúrgicos de menor complexidade. Sua gestão afirma que entregou 36 dessas unidades nos últimos quatro anos.
A maior demanda atual da rede é por um ortopedista, fila na qual aguardam 66.503 pedidos: um paciente que conseguiu realizar uma tomografia da coluna no mutirão de Doria, por exemplo, pode demorar quase quatro meses para tê-la analisada por esse especialista, caso entre nessa fila novamente. Já uma mulher que conseguiu realizar pelo Corujão um ultrassom transvaginal, maior pedido na espera em dezembro passado, também poderá levar mais de seis meses para mostrá-lo ao ginecologista, especialista que enfrenta uma fila com 2.367 pedidos.
A Secretaria da Saúde afirma que "como havia exames represados por meses, a realização deles [pelo Corujão] aumentou a demanda por consulta". Mas o órgão diz que todas as consultas de retorno são priorizadas para a análise dos exames e encaminhamento posterior. Também diz que está realizando um estudo para verificar os perfis dos pacientes que fazem parte da fila para atendimento com um cirurgião. "A intenção é implantar ainda no primeiro semestre deste ano o Corujão da Cirurgia, que tentará resolver o problema da fila de procedimentos cirúrgicos", afirma. Reportagem publicada pelo EL PAÍS, também com dados da prefeitura, mostra que a fila de exames na cidade reduziu em 67% com o Corujão. Mas o programa de Doria focou em 50 tipos de exames e outros 112 ficaram de fora. A fila de exames, contando todos os procedimentos, é de quase 200.000 pessoas, segundo dados do mês passado.
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