Ataque químico causa matança na zona rebelde síria
Conselho de Segurança da ONU se reunirá nesta quarta a pedido da França e do Reino Unido
Dezenas de pessoas morreram em um ataque aéreo com gás tóxico na Síria nesta terça-feira. O Observatório Sírio para os Direitos humanos (OSDH), com uma ampla rede de informantes no local, fala em ao menos 58 mortos, entre eles 11 menores. Já a União de Organizações de Médicos Socorristas (UOSSM) garante que ao menos 100 morreram no bombardeio de Khan Sheikhoun – cidade da província de Idlib sob controle de forças rebeldes –, atribuído aviões do Governo de Bashar al Assad e da Rússia.
O Conselho de Segurança da ONU se reunirá com urgência nesta quarta-feira, a pedido da França e do Reino Unido, para analisar o ocorrido. O Governo dos Estados Unidos, assim como a França, a Turquia e outros países, taxou de "reprovável" o ataque e disse que este "não pode ser ignorado". O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, destacou em uma coletiva de imprensa que os "atos atrozes" de Assad são consequência de uma debilidade mostrada por Barack Obama.
“Há mais de 80 mortos e 400 pessoas afetadas pelo gás tóxico com problemas respiratórios e vômitos. A maioria são mulheres e crianças porque o ataque aconteceu às seis da manhã, quando dormiam”, disse por Whatsapp Abu Alaa, motorista de ambulância encarregado da evacuação de feridos. “Existem várias clínicas em Idlib, mas os casos mais graves têm de ser transferidos para o hospital instalado perto de Bab al Hawa, na fronteira com a Turquia”. Quem não puder ser tratado ali será levado a hospitais turcos.
O ataque aconteceu poucos dias depois de outro semelhante denunciado pelos Médicos Sem Fronteiras na província de Hama, que deixou pelo menos 50 feridos. O agente tóxico a que foram expostos não foi identificado. Enquanto se intensificam os combates, os doadores internacionais para a Síria realizam uma conferência de dois dias em Bruxelas.
A ONU acusou todas as partes de usarem agentes tóxicos no conflito, cujas vítimas são majoritariamente civis. O Governo de Damasco negou diversas vezes o uso de armas químicas, alegando que as entregou à comunidade internacional conforme o acordo assinado com a Rússia e os Estados Unidos para sua destruição controlada.
Os acusados negam estar por trás do ocorrido. O Ministério de Defesa russo negou mediante um comunicado ter efetuado qualquer ataque aéreo na zona. O Comando Geral do Exército sírio fez o mesmo e disse que nem usou nem usará armamento químico, segundo um comunicado que distribuiu a agência SÃ.
A ONU acusou todas as partes de usarem agentes tóxicos na guerra síria, cujas vítimas são majoritariamente civis
Esse ataque pode descarrilar de vez o processo de negociação em curso justo quando os doadores internacionais para a Síria realizam uma conferência de dois dias em Bruxelas. “Há uma responsabilidade objetiva de qualquer regime sobre a proteção de seus próprios civis, e isto é um princípio que é válido sob a lei internacional em qualquer caso", disse em uma coletiva de imprensa a alta representante da União Europeia para a Política Exterior, Federica Mogherini, depois de dizer ao enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, que a UE ainda não dispõe de provas sobre o ocorrido.
"O uso de armas químicas constitui uma violação inaceitável da Convenção sobre a Proibição de Armas Químicas e um novo reflexo da barbárie da que a população síria é vítima desde faz tantos anos", declarou o ministro francês de Exteriores, Jean-Marc Ayrault, em um comunicado. Por sua vez, o ministro de Relações Exteriores britânico, Boris Johnson, também apontou Damasco como autor do ataque: "Embora não possamos estar seguros do ocorrido, isto tem todas as características dos ataques de um regime que usou repetidamente armas químicas”.
O Governo dos Estados Unidos condenou "o reprovável" ataque e disse que "não pode ser ignorado". "Enquanto seguimos avaliando esta situação terrível, está claro que esta é a forma em que Assad opera: com barbárie brutal e incontida", afirmou o secretário de Estado, Rex Tillerson, informa a France Presse. Washington instou a Rússia e a Irã a ajudar a evitar que se repitam episódios similares. O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, sublinhou em uma conferência de imprensa que os "atos atrozes" de Assad são consequência da "debilidade" mostrada por Barack Obama. Por sua vez, a primeira-ministra britânica, Theresa May, disse que, a se confirmar, significaria "uma nova evidência da barbárie do regime sírio".
Entrando no sétimo ano, a guerra na Síria deixou mais de 312.000 mortos (um terço civis) e desabrigou metade dos 23 milhões de sírios. O mês de março marca um trágico balanço com 576 civis mortos em bombardeios, cuja responsabilidade pela primeira vez recai, segundo o OSDH, em partes iguais entre a coalizão internacional e as forças aéreas síria e russa.
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