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Atlas de países que ‘ainda’ não existem

Uma viagem por 50 territórios com fronteiras difusas

Estudantes do Estado de Sikkim (Índia) brincam durante o recreio em uma escola
Estudantes do Estado de Sikkim (Índia) brincam durante o recreio em uma escolaPARTHA PRATIM SAHA (EL PAÍS)
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Existem países que todo mundo conhece e outros de fronteiras difusas que você não encontrará nos folhetos das agências e nos guias de viagem. Como a Transnístria, um estado soviético entre o rio Dniester e a fronteira da República da Moldávia com a Ucrânia; Sealand, fundada em 1967 em alto mar a sete milhas náuticas a leste do Reino Unido em uma plataforma militar abandonada após a Segunda Guerra Mundial; o reino autônomo de Ogoniland, no delta do rio Níger, e o reino caribenho e literário de Redonda.

Reino de Redonda

“Se você pegar uma carta de navegação do Atlântico e buscar as coordenadas 16º 56’ de latitude norte e 62º 21’ de longitude oeste encontrará uma ilha de três quilômetros quadrados, habitada por alcatrazes, lagartos e ratos. É a ilha do reino de Redonda, um enclave esquecido por Deus, próximo às ilhas antilhanas de Montserrat e Antígua e que possui o maior número de ilustres por metro quadrado do planeta”. O escritor espanhol Javier Marías foi coroado rei de Redonda em 1997 com o nome de Xavier I, após a abdicação do também escritor Jon Wynne-Tyson (João II), que inventou uma particular corte literária da qual fizeram parte Henry Miller, Lawrence Durrell e Dylan Thomas, ampliada mais tarde por Marías com os cineastas Francis Ford Coppola e Pedro Almodóvar, os escritores Arturo Pérez-Reverte e Eduardo Mendoza e o arquiteto Frank O. Gehry, entre outros. O lema de Redonda é Ride si Sapis (ria se sabe).

É de lugares como esse que trata o Atlas de Países que Não Existem (GeoPlaneta, 2016), do professor de Geografia da Universidade de Oxford e escritor Nick Middleton. O livro, “um compêndio de cinquenta Estados não reconhecidos e em grande medida despercebidos”, de acordo com Middleton, convida à reflexão sobre o conceito de país, um termo tão difuso como escorregadio. A lista (abaixo, os 50 lugares que aparecem no livro) pode ser polêmica: inclui, por exemplo, a Catalunha (Espanha) e a ilha chilena de Páscoa, mas não a Escócia (Reino Unido).

Antártida

O “último continente”, onde, excepcionalmente, as disputas sobre a soberania territorial foram deixadas de lado. Possui uma população de 5.000 residentes temporais.

Penhascos de gelo na península Palmer, na Antártida
Penhascos de gelo na península Palmer, na AntártidaEastcott Momatiuk (Getty Images)

Arquipélago Multioceânico das Micronações Unidas (UNMOA)

Um arquipélago distribuído por vários oceanos – 29 possessões insulares e um território continental na Antártida – que provoca disputas territoriais com Bangladesh, Belize, Colômbia, Comores, França, Haiti, Índia, Jamaica, Kiribati, Madagascar, ilhas Marshall, Maurício, Nicarágua, Portugal, Seychelles e EUA.

Elgaland‐Vargaland

Proclamado em 1992, incorpora todas as fronteiras entre outras nações, assim como territórios digitais e outros estados da existência, como o estado dos sonhos.

ÁFRICA

Somalilândia

Declarou sua independência em 1991 com as fronteiras do antigo protetorado britânico da Somalilândia.

Mayotte

Ilha do oceano Índico, reclamada por Comores, que decidiu renunciar à independência da França em 1975.

Azawad

República subsaariana durante menos de um ano.

Cabinda

Antigo protetorado português reconhecido como o 39º território africano descolonizado pela Organização para a Unidade Africana antes de ser anexado por Angola.

Ogoniland

Reino autóctone no delta do Níger.

Barotseland

Antiga monarquia que quer ser reconhecida como novo estado africano.

República Árabe Saharaui Democrática (RASD)

Também conhecida como Saara Ocidental. Ex-colônia espanhola ocupada pelo Marrocos.

AMÉRICA

República de Lakota

Em dezembro de 2007, uma delegação da tribo Sioux lakota viajou a Washington para rescindir unilateralmente todos os tratados assinados em 1868 com o Governo dos Estados Unidos e reivindicar seu território das Colinas Negras, no Estado de Dakota do Sul.

Escultura do rosto do chefe Lakota Cavalo Louco nas Colinas Negras de Dakota do Sul.
Escultura do rosto do chefe Lakota Cavalo Louco nas Colinas Negras de Dakota do Sul.Reuters

Território Dinétah

O país da nação navajo, localizado em uma reserva dos EUA, com certo nível de autogoverno.

Lubicon Indian Nation

Comunidade indígena que nunca foi oficialmente governada pelo Canadá.

Mosquítia

Região do Caribe, entre Honduras e Nicarágua, que tenta recuperar sua autonomia. Em 1687 chegou a ser um reino aliado da Grã-Bretanha.

Araucânia

O território dos índios mapuche no Chile.

ÁSIA

Ahvaz

Conhecido também como Arabistão, Khuzistão. Região de língua árabe do Irã que quer recuperar sua autonomia.

Akhzivland

Micronação de dois habitantes fundada em 1971 pelo marinheiro Eli Avivi em uma praia da costa norte de Israel, próxima à fronteira com o Líbano. Tolerada pelo Governo de Israel como uma curiosidade turística.

Baluchistão

Declarou sua independência um dia após a da Índia e a do Paquistão, foi anulada um ano depois e declarada novamente em 1958. Desde 1970 é província do Paquistão, uma das mais turbulentas.

Ilhas Cocos

Conhecidas também como Ilhas Keeling. Arquipélago do oceano Índico, entre o Sri Lanka e a Austrália, governado pela família Clunies-Ross até 1984.

Nagalim

Nagalim (Nagaland) é hoje um Estado do nordeste da Índia, apesar de ter declarado sua independência um dia antes do que esta.

Sikkim

Reino budista independente anexado pela Índia em 1975.

Taiwan

Conhecida também como República da China. Província chinesa controlada por um governo independente desde 1949.

Tibete

O Dalai Lama, líder espiritual do Tibete, fugiu em 1959, após um levante fracassado contra as autoridades chinesas.

Tuva

A República de Tuva, território fronteiriço com a Mongólia, solicitou em 1944 sua incorporação à União Soviética. Hoje busca sua independência da Rússia.

Ilhas Ryukyu

Arquipélago japonês de 160 ilhas, das quais somente 50 são habitadas, também conhecido como Okinawa. Até 1879 foi um reino independente em relação ao Japão.

Morac‐Songhrati‐Meads

Também conhecido como Ilhas Spratly. Foi declarado reino independente na década de 1870 por um capitão da Royal Navy cujos descendentes continuaram disputando a propriedade das ilhas com a China, Taiwan, Vietnã, Filipinas e Malásia.

Bangsamoro

Enclave de maioria muçulmana no sul das Filipinas.

Papua ocidental

Antiga colônia holandesa anexada pela Indonésia em 1963.

EUROPA

Groenlândia

Conhecida também como Kalaallit Nunaat. Região autônoma da Dinamarca que busca a independência.

Ilha de Man

Conhecida também como Ellan Vannin, Mannin. Autônoma, dependente da Coroa Britânica, mas não faz parte do Reino Unido e da União Europeia.

Circássia

Região histórica do Cáucaso conquistada pela Rússia.

Principado de Pontinha

Antigo bastião da Ordem dos Templários na baía de Funchal (Madeira, Portugal).

Christiania

Comunidade autônoma da Dinamarca em um bairro de Copenhague.

República Turca do Norte do Chipre

A região nordeste da ilha se declarou independente após a invasão da Turquia.

Moresnet

Criado em 1816 ao redor de uma mina de zinco disputada pela Prússia, Países Baixos e a Bélgica. Rebatizada como Amikejo, se transformou em refúgio dos esperantistas antes de seu desaparecimento, após a Primeira Guerra Mundial, com a assinatura do Tratado de Versalhes.

Forvik

Também conhecido como Forewick Holm. Estado das ilhas Shetland criado por um navegante inglês.

Abecásia

Enclave separatista da Geórgia, apoiado pela Rússia.

Catalunha

Comunidade autônoma da Espanha.

Seborga

Principado que se declarou independente da Itália após convocar um referendo em 1995.

Transnístria

Região separatista da Moldávia, frequentemente considerada no Ocidente como um foco de delinquência e estalinismo.

Rutênia

República por um dia, em março de 1939.

Sealand

É a menor ilha nação da Europa, uma plataforma de 550 metros quadrados que se ergue sobre dois pilares em águas internacionais, a sete milhas náuticas da costa inglesa, ao norte do estuário do Tâmisa. Construída nos anos trinta como escudo defensivo contra ataques da aviação e marinha alemãs, foi desalojada e abandonada à mercê dos elementos ao final da Segunda Guerra Mundial. Até 1967, quando o ex-soldado inglês Paddy Roy Bates ocupou o velho forte de concreto e aço e o transformou em sua residência familiar, rebatizando-o com o nome de Sealand.

Crimeia

Península do mar Negro que se declarou independente quatro vezes em um século.

OCEANIA

Rapa Nui

A ilha de Páscoa, território oceânico anexado pelo Chile em 1888.

Habitantes da ilha chilena de Páscoa durante uma competição de canoas
Habitantes da ilha chilena de Páscoa durante uma competição de canoasGetty Images

Minerva

República libertária sobre um atol do Pacífico.

Murrawarri

Micronação aborígene na Austrália.

Vemerana

República libertária insular que foi independente por um breve período em 1980.

Principado de Hutt River

Território do sul da Austrália que se tornou independente em 1970 como protesto pelas então recém-introduzidas cotas dos grãos.

Império de Atlantium

O Império de Atlantium ocupa um território de 10 metros quadrados do subúrbio de Narwee, nos arredores da cidade australiana de Hurstville. Em 27 de novembro de 1981, os australianos George Francis Cruickshank, John Duggan Geoffrey e Duggan Marie Claire, descontentes com a política do Governo, declararam unilateralmente a independência, e Cruickshank foi coroado como imperador de Atlantium sob o nome de George II.

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