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Maduro pede ajuda à ONU contra escassez de medicamentos

Presidente venezuelano determina a seus ministros que sigam as orientações do organismo internacional

Maolis Castro
Maduro durante discurso na Expo Venezuela Potencia 2017.
Maduro durante discurso na Expo Venezuela Potencia 2017.EFE
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Nicolás Maduro admitiu que não possui uma solução para conter a crise permanente em vigor na Venezuela. Em rede de rádio e televisão, o chefe de Estado determinou nesta sexta-feira a seus ministros que sigam as orientações emitidas pelo Programa das Nações Unidas para os Direitos Humanos (PNUD) em relatório sobre o combate à escassez de medicamentos e a piora nos serviços de saúde. “Pedi apoio às Nações Unidas para atender a dificuldades econômicas e sociais que atingem o nosso povo devido à guerra econômica e à queda do preço do petróleo... Pedi ajuda para regularizar por inteiro a questão dos medicamentos”, disse Maduro.

O surpreendente anúncio ocorreu depois de uma reunião entre Maduro e Jessica Faieta, subsecretária geral da ONU [Organização das Nações Unidas] e diretora do PNUD para a América Latina e o Caribe. Há uma semana, a Assembleia Nacional — controlada pela oposição — decretou estado de emergência econômica diante de uma das piores crises da história do país. “A ONU conta com os programas mais avançados do mundo para recuperar a capacidade produtiva da indústria farmacêutica”, acrescentou o presidente.

O déficit de medicamentos é uma das consequências mais explosivas da hecatombe que atinge a Venezuela. Na última quarta-feira, mais de 20 pacientes com doenças crônicas e vários ativistas se uniram em torno de uma farmácia vinculada ao Instituto Venezuelano de Seguridade Social, em Caracas, para exigir uma solução para a escassez. Nesse protesto, os dirigentes da Coalizão de Organizações pelo Direito à Saúde e à Vida denunciaram que cinco pessoas morreram por falta de remédios contra hipertensão pulmonar.

É incalculável o número de pessoas afetadas pela falta de medicamentos. Segundo a Federação Farmacêutica da Venezuela, a escassez havia atingido 85% em janeiro. Os remédios que não se encontram nas drogarias são, em certos casos, adquiridos no mercado paralelo ou mediante doações feitas por meio das redes sociais.

José Manuel Olivares, deputado do partido de oposição Primeiro Justiça, criticou a demora da tomada de decisão por parte de Maduro. “Foi preciso morrer várias pessoas. Não era necessário tanto sofrimento para admitir que precisamos de ajuda”, escreveu no Twitter. Há um ano, o Parlamento havia constatado a existência de uma crise humanitária e propunha, então, uma intervenção das Nações unidas para mitigar o impacto da escassez de medicamentos e a decadência dos hospitais, mas esse passo foi obstaculizado pelo Governo.

A oposição ainda não confia na promessa de Maduro. Olivares lançou um desafio ao regime: “Em dezembro, eles aceitaram recorrer ao Fundo Rotativo da OMS [Organização Mundial da Saúde], mas era mentira... Não brinquem de novo com as pessoas. A Venezuela precisa de ajuda humanitária”.

Maduro não renega integralmente os resultados de sua política. Com base no relatório do PNUD, o presidente assinalou que a Venezuela ocupa o 71º lugar entre os 188 países avaliados no estudo da instituição. “Está no grupo de países com desenvolvimento humano alto. Valeu a pena resistir, lutar para proteger o nosso povo”.

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