_
_
_
_

Escândalo na Argentina: 20 policiais expulsam três mulheres por fazerem topless em uma praia

Agentes ameaçaram “levá-las presas” em meio a discussão que acabou com elas deixando o local

Topless em Necochea
Carlos E. Cué
Mais informações
Preso argentino condenado por matar a mulher volta a cometer o mesmo crime
Mulher morre na Argentina após ser estuprada e empalada

Uma das maiores discussões na Argentina se fundamenta em saber que cultura pesa mais, a espanhola ou a italiana. E sempre há divergência de opinião. Mas, em questão de costumes sociais, sobretudo os vinculados à mulher, parece evidente que a Itália pesa muito mais. Uma das coisas que mais chamam a atenção nas praias argentinas é que, apesar de os trajes de banho serem minúsculos, não existe o topless tão habitual na Espanha há anos, mas que causa polêmica em vários países da América, incluindo os EUA, e que na Itália só chegou depois de um grande debate e ainda provoca controvérsia. Três mulheres tentaram exercê-lo em uma conhecida praia da Província de Buenos Aires, em Necochea, e foram denunciadas por outros banhistas que chamaram a polícia. Os agentes pressionaram de todas as maneiras possíveis as três mulheres, que defenderam seu direito de tomar sol sem a parte de cima do biquíni, como fazem os homens. “Machistas”, gritavam elas de vez em quando aos que as criticavam.

Em meio a uma crescente tensão, com banhistas que entravam no debate contra e a favor das mulheres, os agentes chegaram a ameaçar “levá-las presas” se insistissem em tomar sol com os seios de fora. As mulheres defenderam seu direito e encontraram múltiplos apoios. Mas outras pessoas exigiam que as tirassem dali, e pouco a pouco foram aparecendo mais policiais. No final, eram uma vintena, com seis carros de polícia deslocados para o local, e cada vez mais agressivos. A todo o momento qualificavam as mulheres de “nudistas” e exigiam que fossem a praias especiais, mas elas só haviam descoberto a parte de cima. “São seios, como os que te deram de comer quando você era criança”, alfinetava uma delas, dirigindo-se a um dos policiais.

Ao comprovar que a questão se tornava cada vez mais complicada, com os policiais ameaçando tirar as algemas e alguns banhistas já pedindo aos gritos que as levassem para a prisão, as mulheres se renderam. “Para alegria dos tetafóbicos, nós vamos sair desta praia fascista”, gritaram antes de ir embora. Tudo ficou gravado em um vídeo que provocou uma grande polêmica no país, que entra no debate do topless muitos anos depois de outras nações, embora pouco a pouco pareça ir abrindo caminho.

O prefeito de Necochea, Facundo López, se colocou do lado das banhistas expulsas. “Todos sabemos que é uma contravenção, mas não é um fato tão grave para que suscite tudo o que provocou ao redor. A lei é obsoleta, estou disposto a fazer com que seja modernizada. É preciso ter a mente aberta”, afirmou. Basta ver os comentários nas redes sociais sobre suas declarações para notar que ainda há muito caminho a percorrer para eliminar o machismo na Argentina.

A questão do machismo da sociedade argentina está em plena ebulição. E pela primeira vez se escutam vozes críticas. Ainda assim é comum ouvir frases na rádio que seriam impensáveis em qualquer programa na Europa. Quando se desatou a polêmica do topless, ouviram-se rapidamente argumentos contra nas principais rádios do país, e um dos comentaristas mais conhecidos, o escritor Federico Andahazi, comparou a situação das praias argentinas com a das europeias, onde é frequente ver homens e mulheres completamente nus. E disse que para ele isso era desagradável porque alguns desses corpos não eram nada bonitos. “Se vou ver corpos nus quero que sejam lindos”, chegou a dizer.

Algumas mulheres estão organizando manifestações para 7 e 11 de fevereiro, denominadas “el tetazo", para defender o topless nas praias argentinas. Resta ver quantos policiais serão deslocados para impedi-las.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_