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Governo turco acusa grupos armados curdos por autoria de ataque em Istambul

Vice-premiê da Turquia acusa o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) de estar por trás do ataque Especialistas apontam para os Falcões da Liberdade do Curdistão (TAK)

Funeral em Istambul de alguns dos agentes de polícia mortos no atentado de sábado.
Funeral em Istambul de alguns dos agentes de polícia mortos no atentado de sábado.SEDAT SUNA (EFE)
Andrés Mourenza

O vice-primeiro-ministro da Turquia e porta-voz do Governo, Numan Kurtulmus, apontou neste domingo para o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) como responsável pelo duplo atentado suicida que, na noite de sábado, acabou com a vida de 38 pessoas –sete civis, trinta policiais e uma pessoa ainda não identificada– nas imediações do estádio Inönü, do Besiktas, em Istambul, após uma partida de futebol. Outros analistas, porém, se inclinam para a possível autoria dos Falcões da Liberdade do Curdistão (TAK).

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“As pistas apontam para o PKK”, afirmou Kurtulmus, entrevistado em um programa da emissora CNN-Turk. “Entendemos que se trata de um ataque planejado de forma muito detalhada. Primeiro saíram do estádio os torcedores do Besiktas, depois os do Bursaspor, seguindo a rotina (estabelecida para as partidas de alto risco). O objetivo do ataque foi o lugar onde se reúnem os agentes (uma vez terminadas suas tarefas). Ou seja, o objetivo era claramente a polícia”, afirmou o vice-premiê. Outro dos indícios de sua acusação é a elevada quantidade de explosivos –“entre 300 e 400 quilos” – usados em um furgão que foi detonado ao lado de um veículo policial, supostamente por um motorista suicida. Uma técnica que tem sido utilizada por PKK e TAK em alguns de seus últimos ataques.

A segunda explosão aconteceu 45 segundos depois da primeira no parque de Maçka, nas proximidades da arena e pelo qual se chega ao estádio pelo extremo oposto de onde explodiu a primeira bomba. Nesse caso foi um militante que carregava um explosivo em uma mochila e que se matou quando alguns agentes o renderam. O suicida levou consigo quatro agentes e um civil.

O especialista em segurança Abdullah Agar, consultado pelo EL PAÍS, acredita que pelo modus operandi dos agressores “ganha peso a hipótese de um atentado cometido pelo TAK”. Outra fonte de segurança ocidental com experiência na Turquia também se inclina para essa opção. O que não está claro é qual é a relação entre o PKK e o TAK, porque ambos os grupos compartilham objetivos e ideologia. De acordo com alguns, o segundo é uma cisão mais radical do primeiro, segundo outros, seria um instrumento da cúpula do PKK, utilizado para reivindicar os atentados mais cruéis sem manchar sua reputação.

Todos os partidos do espectro político do Parlamento turco criticaram o ataque, incluindo o pró-curdos Partido da Democracia dos Povos (HDP), que é acusado pelo Governo de atuar sob as ordens do PKK, e cujos líderes estão na prisão exatamente por esse motivo. “Condenamos duramente esses ataques, nos sentimos muito tristes e compartilhamos a dor das famílias, às quais oferecemos nossas condolências”, afirmou o HDP em um comunicado.

“Não tem nenhuma importância o nome do grupo que cometeu esse atentado desprezível. O objetivo do PKK, do Daesh (Estado Islâmico) e do FETO (confraria religiosa acusada de golpe de Estado) é o mesmo: atacar nosso país e nossa nação”, disse o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que prometeu continuar lutando contra o terrorismo da mesma forma, em uma Turquia que desde o ano passado sofreu cerca de trinta atentados graves e que trava uma guerra contra os rebeldes curdos no sudeste do país. Entre as vítimas dos atentados e do conflito curdo são mais de 2.700 mortos em apenas 18 meses. “Continuaremos nossa luta sem pausas, conscientes de que implicará acrescentar sangue novo ao que continuamos vertendo há mil anos para fazer dessas terras nossa pátria”, acrescentou Erdogan.

Para este domingo foi declarado um dia de luto nacional, e foram realizados os primeiros funerais de Estado para os policiais mortos. Na cerimônia realizada na Direção-Geral da Polícia de Istambul, o ministro do Interior, Süleyman Soylu, prometeu “vingança” pelo atentado: “Se escondam onde se esconderem, seja qual for o preço, eles pagarão por isso”.

Os meios de comunicação pró-governamentais da Turquia e alguns deputados da situação chamaram a atenção para o fato de o atentado ter ocorrido poucas horas depois de os islamistas terem apresentado no Parlamento um projeto de reforma constitucional em parceria com os ultranacionalistas que transformará a Turquia em uma sistema presidencialista, pelo qual acusaram todos os opositores que rejeitam essa mudança de regime de serem cúmplices do terrorismo. Também acusaram os países ocidentais, e em especial a União Europeia, de não dar apoio suficiente a Ancara em sua luta contra o PKK, grupo considerado terrorista pela UE e pelos EUA.

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