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Radicalizada, direita francesa vota em massa para escolher seu candidato presidencial

Fillon é o favorito contra Juppé, com grandes chances de ser o próximo ocupante do Palácio do Eliseu

Carlos Yárnoz
Fillon, apontado pesquisas como favorito
Fillon, apontado pesquisas como favoritoPOOL (EFE)

A direita francesa se mobiliza neste domingo no segundo turno das eleições primárias, mais até do que na primeira votação, há uma semana, quando a alta participação (4,3 milhões de votantes) surpreendeu a todos. Com o liberal e católico François Fillon como favorito, mais de 1,2 milhão de pessoas já haviam votado até o começo da tarde (hora local), 13% a mais que sete dias atrás.

Se desta vez as pesquisas acertarem, Fillon, de 62 anos, deputado por Paris, vencerá com ampla vantagem o também ex-premiê Alain Juppé, de 71, prefeito de Bordeaux e mais próximo do centro. As pesquisas dão entre 56% a 67% para o primeiro.

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O nervosismo de Juppé, que protagonizou um final de campanha agressivo e até insultante, ficou claro na hora de votar, na manhã deste domingo. Denunciou ter sofrido uma operação “caluniosa e imunda”, sobretudo da ultradireitista Frente Nacional.

Já Fillon se limitou a comentar, após depositar seu voto, que iria “esperar o veredicto dos eleitores, que são os que hoje estão falando”.

Quem comparece aos 10.228 locais de votação, abertos até 19h (16h pelo horário de Brasília), deve pagar dois euros (7,25 reais) e assinar uma carta pela qual se compromete a defender os princípios da direita e do centro. Nada impede que pessoas de outras ideologias votem. As pesquisas indicam que 15% dos eleitores no primeiro turno eram indivíduos de esquerda que foram às urnas das primárias para eliminar o aspirante Nicolas Sarkozy, como de fato ocorreu. Nesta rodada, alguns ex-dirigentes da Frente Nacional pediram voto para Fillon, e alguns da esquerda para Juppé.

O ganhador destas primárias tem muitas chances de se tornar, em junho, o novo presidente da França, segundo as pesquisas e os analistas. Para isso precisará derrotar Marine Le Pen, a candidata da FN, que todos consideram ter lugar garantido no segundo turno.

Com a eleição deste domingo, a direita francesa se volta em peso para a retomada do Eliseu, e, a julgar pelo primeiro turno, seus simpatizantes optaram por uma guinada conservadora, ortodoxa e católica para enfrentar os problemas de uma França bloqueada pela crise econômica e golpeada pelo terror jihadista.

Ganhador das primárias terá a direitista Marine Le Pen como principal rival

Volta a direita em sua versão dura, representada pelo “retrógrado” Fillon, com seu “brutal” programa, nas palavras de Juppé durante a campanha. É a direita francesa católica (60% de seus eleitores), nervosa com a desaceleração econômica, assustada com uma suposta crise de identidade num país multicultural e sob estado de exceção por causa do terror. São os conceitos nos quais sua campanha mais insistiu.

Os programas econômicos de Fillon e Juppé são similares, embora o do primeiro seja mais liberal, ou thatcheriano, como qualificaram os assessores do segundo. Mas a diferença maior reside no catolicismo militante de Fillon, em seu exibicionismo. Reiterou que o aborto, cuja lei está há 41 anos em vigor, “não é um direito fundamental”, apesar de assim constar na versão ampliada de dois anos atrás, que ele não prevê alterar.

Alain Juppé, neste domingo, em um colégio eleitoral de Burdeos.
Alain Juppé, neste domingo, em um colégio eleitoral de Burdeos.Bob Edme (AP)

Fillon assume que seu programa é “mais radical”. “Extremamente tradicionalista”, acusa seu rival. O favorito pede um referendo sobre a distribuição europeia de migrantes; quem chega à França, diz, deve “assimilar sua herança” e seus valores. “Ele é o melhor de nós”, afirmou o ex-presidente Jacques Chirac sobre Juppé. “Não é que você seja o melhor; é o único”, teria dito o também ex-presidente Valéry Giscard D’Estaing a Fillon, segundo o Le Figaro. A apuração deste segundo turno dirá quem tem razão.

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