Queimar tênis da New Balance, novo símbolo de protesto ‘antitrump’
Breve comentário da empresa foi interpretado como apoio ao novo presidente
A New Balance está enfrentando um sério problema de imagem. Queimar os tênis da marca começa a se tornar um pequeno sinal de protesto antitrump nos Estados Unidos. E tudo por causa de um comentário de quatro palavras que acendeu literalmente o pavio.
Os Estados Unidos vivem um momento estranho. Os principais executivos das grandes corporações não estão tendo outra escolha a não ser expressar publicamente seu compromisso de trabalhar com o futuro Governo que presidirá Donald Trump. Mais que a pessoa, é uma demonstração de respeito pelo cargo. Alguns, como o chefe da rede comercial JC Penny, afirmam que sua empresa deve apoiar e trabalhar com sua equipe para se adaptar à política do novo presidente.
“Apoio qualquer presidente dos EUA”, acrescenta resignado o investidor Warren Buffett, “é muito importante que ele tenha o apoio de todos os norte-americanos”. E embora observe que isso não significa que não pode ser criticado, acredita que o magnata “merece respeito”. No geral, acrescenta o CEO da Liberty Media, ter um presidente e um Congresso republicano é bom para os negócios.
Há empresas que comemoram com um pouco mais de entusiasmo a ascensão de Donald Trump. É um passo, de acordo com a empresa de equipamentos esportivos New Balance, “na direção certa”. Este comentário, no entanto, acabou por colocar a empresa em um fogo cruzado perigoso, a ponto de transformar seus tênis em um símbolo dos protestos que, nas grandes cidades, estão expressando sua rejeição e raiva pela eleição do empresário.
“Nunca mais vou comprar algo deles”, é possível ler nos comentários em redes sociais. Outros sobem vídeos jogando os tênis no lixo ou até mesmo queimando-os, esperando que outros descontentes com a eleição de Trump se juntem ao boicote contra uma das marcas mais representativas do made in USA. A empresa responde a essa revolta dizendo que sua marca está sendo demonizada de forma injusta.
A origem desta escalada, que reflete até que ponto chega a tensão após a inesperada vitória de Donald Trump, está em um tuíte de uma jornalista do Wall Street Journal, que citou um porta-voz da New Balance lamentando que o Governo de Barack Obama não tenha ouvido os interesses deles. A empresa esportiva é contrária ao controverso acordo de comércio do Transpacífico. “Só queremos produzir mais tênis nos EUA”, insiste.
A própria candidata democrata Hillary Clinton também questionou o pacto comercial, pelo impacto sobre o emprego. A New Balance emitiu uma declaração lembrando que é a única grande empresa que continua produzindo tênis nos EUA e que tem uma perspectiva “única” sobre tais questões. “Nada mais que isso”, afirma.
Tênis “made in EUA”
A marca produz mais de quatro milhões de tênis por ano nas cinco fábricas que opera em Massachusetts e Maine. “Publicamente apoiamos a posição de Hillary Clinton, Bernie Sanders e Donald Trump em matéria de comércio antes do dia da eleição”, insiste, assegurando ao mesmo tempo que este protesto não vai impedir que continuem apoiando a criação de emprego no país.
Como admite o CEO da Starbucks, Howard Schultz, os benefícios do comércio estão aí. Mas o resultado da eleição, acrescenta, também reflete que houve um grande número de cidadãos que não foram ouvidos, por muito tempo. Jeffrey Immelt, mais importante executivo da General Electric, enviou uma circular aos seus funcionários expressando seu compromisso com a diversidade racial, cultural e de gênero dentro do conglomerado.
Estas reações refletem a angústia e a ansiedade que domina depois das eleições, além dos protestos espontâneos nas ruas de grandes cidades e nas redes sociais. Alguns também celebram a vitória. Apple, United Continental e PricewaterhouseCoopers estão incentivando seus funcionários a expressar seus sentimentos e asseguram que vão reforçar as políticas internas para que haja mais mulheres e minorias em postos de direção.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.