A história por trás do Old Firm, o clássico que transcende o futebol na Escócia
Rivalidade de mais de um século retorna ao Campeonato Escocês neste sábado após quatro anos
A manhã deste sábado (10) marca um momento histórico para o Reino Unido, a Escócia e o futebol mundial: o reencontro entre os arquirrivais Celtic e Rangers pelo Campeonato Escocês. Após uma ausência de quatro anos do Rangers, rebaixado na liga e com problemas financeiros, um dos maiores clássicos do mundo, conhecido como Old Firm, está de volta, com todo seu peso de 401 partidas oficiais realizadas, brigas entre torcedores e intrincadas questões religiosas.
Mas por que, afinal, uma partida entre dois times de Glasgow teria tanta importância? No caso das duas grandes forças do futebol escocês - o Rangers tem 54 títulos nacionais contra 47 do Celtic - ,a rivalidade se explica tanto no campo quanto na origem das equipes. Fundado pelo católico Andrew Kerins, o "Irmão Walfrid", durante um encontro numa igeja de Glasgow, o clube alviverde (Celtic) tem o apoio de uma torcida irlandesa-escocesa, portanto os torcedores são católicos, tendo também ideais socialistas e separatistas em relação ao Reino Unido, que tem a Escócia como um de seus países. Na 'contramão' dos Bhoys, como são chamados os fãs do Celtic, há a torcida do Rangers, que possui ideias contrárias às de seus rivais: no que se refere à religião, são protestantes. Sobre o Reino Unido e política, são conservadores e apoiam a permanência escocesa no Estado britânico.
O pior e mais impactante é a intolerância das torcidas ante as divergências. Houve muitos conflitos nos 128 anos de clássicos - a primeira partida entre as equipe ocorreu em 1888. Na final da Copa da Escócia de 1980, uma grande briga generalizada tomou conta do estádio Hampden Park após o título do Celtic. Felizmente não houve mortes. Em 2 de janeiro de 1971 no Ibrox Park (hoje "Ibrox Stadium", estádio do Rangers), aconteceu uma tragédia que ficou conhecida como "Desastre de Ibrox": um incidente ocorrido enquanto os torcedores deixavam as arquibancadas fez com que, num efeito-dominó, muitos torcedores caíssem da arquibancada e fossem pisoteados durante o tumulto. O resultado foram 66 mortos e mais de 200 feridos.
Os conflitos e divergências não se estendiam apenas às torcidas, já que, por muito tempo, jogadores protestantes não podiam jogar pelo Celtic, assim como católicos também não eram aceitos no Rangers - essa espécie de norma foi quebrada em 1989, quando o Rangers contratou o católico (e ex-jogador do Celtic) Maurice Thomas Johnson. O sectarismo, na verdade, era originário dos próprios clubes, que tiveram os ideais defendidos já em suas fundações. Enquanto o time verde e branco fora fundado por católicos com ideais separatistas, em novembro de 1887, os azuis surgiram, em março de 1872, sob princípios protestantes e unionistas - estes últimos se referem à manutenção dos países-membros ao Reino Unido.
Queda do Rangers, ascensão à elite e reencontro na liga
Em 2012, após uma série de problemas financeiros e administrativos, a falência do Rangers resultou numa votação que envolvia os 30 clubes participantes da Liga Escocesa de Futebol (SFL), sendo que 25 votaram a favor do descenso dos Gers à quarta divisão do futebol escocês. Para poder continuar atuando profissionalmente, o clube teve de ser vendido a um empresário e seu nome foi alterado de "Rangers Football Club" para "The Rangers Football Club". Com dois acessos seguidos - da quarta à terceira divisão, na temporada 2012-13, e da terceira à segunda, em 2013-14 -, o clube não alcançou a vaga na divisão de elite do futebol escocês em 2015, mas, na segunda tentativa, na última temporada (2015-16), conseguiu avançar à elite, sagrando-se campeão da segunda divisão. Agora, na atual temporada, o dia 10 de setembro marcará a retorno do confronto e o Rangers vai ter a primeira oportunidade de provar se o ressurgimento é para valer.
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