Na Paulista, Lula evoca 2018 enquanto volta à mira da Lava Jato
À diferença de Dilma Rousseff, petista não menciona plebiscito para antecipar eleições Janot pede que caso de ex-presidente na investigação volte às mãos do juiz Sérgio Moro
"Quanto mais me provocarem, mais eu corro o risco de voltar em 2018", disse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, encerrando um discurso de pouco mais de meia hora para uma avenida Paulista gelada nesta sexta-feira em São Paulo. No ato, convocado por movimentos sociais para pedir a volta de Dilma Rousseff e a saída do presidente interino Michel Temer, Lula voltou a falar de sua possível candidatura à presidência nas eleições presidenciais de 2018. Não se animou, porém, a defender um plebiscito para antecipar a votação, ideia defendida publicamente pela presidenta afastada como parte de negociação para salvá-la do impeachment.
Enquanto discursava, o petista viu-se de novo sob os holofotes por causa da Operação Lava Jato. O Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal que as investigações relativas a ele e ao senador Delcídio do Amaral sejam remetidas ao juiz Sergio Moro, que julga os casos na primeira instância em Curitiba. Em maio, Lula foi denunciado por Janot no Supremo sob acusação de atuar com Delcídio para obstruir as investigações. Como Delcídio foi cassado, a Procuradoria entendeu que o caso deveria ir para Moro. O relator da Lava Jato no STF, ministro Teori Zavascki, ainda vai decidir o que fazer. É de Zavascki também a decisão de enviar ou não de volta para Curitiba outras investigações sobre Lula, paralisadas no STF desde o imbróglio em torno da posse de Lula como ministro e a controversa divulgação, por Moro, das gravações de conversas do ex-presidente com Dilma Rousseff, em março.
Por meio de nota, o Instituto Lula informou que "já esclareceu ao Ministério Público, em depoimento no dia 7 de abril, que são falsas as afirmações do réu confesso Delcídio Amaral. E já respondeu a essa falsa denúncia, perante o Supremo Tribunal Federal, no dia 27 de maio". Na nota, enviada originalmente ao Jornal Nacional, da TV Globo, a defesa afirma que "Lula sempre agiu dentro da lei". "A repetição dessa notícia, velha, requentada, no momento em que o Governo golpista de Michel Temer é repudiada pela população brasileira, reflete apenas a intenção da Rede Globo em difamar o ex-presidente Lula e o projeto político que ele representa."
Lula também usou o palanque na avenida Paulista para se defender das acusações: "Ninguém tem o direito de dizer que o PT é uma organização criminosa. Eu estou com o saco cheio de ouvir todos os dias que o dinheiro que financia a campanha do PT é dinheiro sujo", disse. "Só falta dizer que o dinheiro dos tucanos é da sacristia. Eu estou esperando que alguém aponte um real de desvio na minha vida pública", seguiu o ex-presidente durante o discurso para 100.000 pessoas, segundo os organizadores. A Polícia Militar disse que não divulgaria números. Na última manifestação com a presença de Lula na Paulista, em 18 de março, foram 95.000 pessoas, segundo o instituto Datafolha. Naquela data, 11 quadras da avenida estavam fechadas. Nesta sexta, foram quatro quadras.
O ex-presidente afirmou que não falaria em "fora Temer", porque para ele "não ficaria bem", mas pediu para o presidente em exercício devolver a presidência a Dilma Rousseff. "Você é um advogado, você sabe que você não agiu corretamente assumindo a presidência". Aos militantes, lembrou novamente os programas sociais do PT na presidência, criticou o corte de ministérios realizado por Temer. "Se a solução deste país fosse cortar ministérios, meus amigos...", disse, em tom de ironia. Afirmou que os participantes das manifestações a favor do impeachment estão com "vergonha de dizer que querem o Temer" na presidência. E mandou mais um recado: "Eu não estou doente", sobre os boatos que volta e meia circulam de que ele estaria novamente com câncer. O ex-presidente lidera as pesquisas recentes de cenários para 2018, num panorama, no entanto, que não se repete nas projeções para segundo turno.
A manifestação pelo fora Temer praticamente terminou após o discurso de Lula. Além do ex-presidente, participaram lideranças de movimentos sociais, como Guilherme Boulos, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Gilmar Mauro, do Movimento dos Sem Terra (MST), o presidente do PT, Rui Falcão, além de outros quadros políticos.
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