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Exército egípcio afirma ter encontrado restos do avião da Egyptair

Um porta-voz assegura que também foram encontrados pertences dos passageiros

Juan Carlos Sanz

As equipes de reconhecimento naval e aéreo do Exército egípcio anunciaram nesta sexta-feira que localizaram membros humanos e restos do EgyptAir Airbus A320 que desapareceu do radar na madrugada de quinta-feira em um voo de Paris ao Cairo com 66 pessoas a bordo. Assentos do avião, malas e outros pertences pessoais dos passageiros foram identificados flutuando sobre as águas do Mediterrâneo a cerca de 290 quilômetros da costa da Alexandria, em uma área situada a sudeste da ilha grega de Cárpatos.

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Um dispositivo de rastreamento internacional intensifica a busca internacional para tentar esclarecer as causas do acidente nas últimas horas. Navios e aviões do Egito, Grécia, França, Itália, Reino Unido e Chipre concentram as tarefas de busca em uma área localizada em um raio de 60 quilômetros de onde foram descobertos os restos, disse Safuad Moslem, responsável da empresa aérea egípcia.

Os satélites de controle ambiental da Agência Espacial Europeia também detectaram uma grande mancha de óleo na superfície do mar a cerca de 40 quilômetros do ponto onde foi perdido o contato com o voo MS804.

Especialistas franceses de aviação civil na análise de acidentes aéreos e técnicos da empresa Airbus chegaram ontem ao aeroporto do Cairo para se unir às tarefas de investigação. Embora o Egito já tenha afirmado, na quinta-feira, que a hipótese mais provável seja um ataque terrorista, a França, que tinha 15 cidadãos a bordo do avião da EgyptAir, prefere não excluir nenhuma opção por enquanto. O Airbus desapareceu do radar depois de realizar uma descida brusca com várias voltas e em boas condições meteorológicas, de acordo com o Ministério da Defesa grego, depois que sua localização foi perdida.

As imagens captadas por satélites de observação norte-americanos não detectaram sinais de brilhos que apoiassem a ideia de que a explosão de uma bomba causou a queda do Airbus. Tanto a França quanto o Egito estão diretamente ameaçados pelo jihadismo, mas nenhum grupo reivindicou, até agora, a responsabilidade. Paris sofreu em janeiro e novembro de 2015 graves ataques e o Governo egípcio tem visto como se deteriora sua indústria do turismo após o ataque que provocou a queda no Sinai de um avião russo com 224 passageiros em outubro último logo depois de decolar de Sharm el Seij.

Também deve ser considerada a opção de uma falha mecânica ou uma suposta luta contra um comando que tentava tomar o controle da cabine, embora no voo MS804 viajavam três agentes de segurança, segundo confirmado pela EgyptAir. É também plausível que algum dos pilotos tivesse decidido derrubar o avião no mar. Mas enquanto não forem localizadas suas caixas pretas o acidente permanece envolto em mistério.

O presidente egípcio Abdul Fatah Al-Sisi, ordenou o aumento das tarefas de busca e investigação para que não volte a se repetir a incerteza que rodeou a queda do avião russo Metrojet no ano passado, quando o governo do Cairo se recusou a aceitar durante semanas que havia ocorrido um ataque terrorista.

Queixas da família

Al Sisi, que foi eleito presidente em 2014 com a promessa de garantir a segurança e a estabilidade depois de ter deposto o islâmico Mohamed Morsi no ano anterior, enfrenta agora uma forte deterioração da economia e protestos populares contra a transferência da soberania de duas ilhas no Mar Vermelho para a Arábia Saudita.

Enquanto o estratégico setor do turismo sofre no Egito, parentes dos 30 passageiros e tripulantes do avião da EgyptAir se recusam a perder a esperança, apesar da descoberta de destroços do avião. Reunidos em um hotel no aeroporto do Cairo, eles se queixavam, para a mídia local, da falta de informações.

Uma falha técnica forçou uma aterrissagem em 2013

O avião da EgyptAir, desaparecido quando fazia a rota entre Paris e Cairo, foi forçado a fazer um pouso de emergência em 2013 depois que um piloto detectou o superaquecimento de um dos motores, revelou a BBC, acrescentando que a falha técnica não se repetiu.

O Airbus A320, que entrou em serviço em 2003, tinha voado consecutivamente na quarta-feira de Asmara (Eritreia) ao Cairo, e da capital egípcia a Túnis em trajeto de ida e volta, antes de embarcar na viagem para Paris, com escalas curtas em terra, de acordo com o website de aeronáutica Flightradar24.

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