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#MiPrimerAcoso: relatos sobre os dramas de ser mulher no México

Milhares de mexicanas se mobilizam no Twitter contando histórias pessoais sobre abusos machistas Neste domingo acontece a primeira grande marcha contra a violência de gênero no México

Elena Reina
Milhares de mulheres ocupam neste domingo as ruas de várias cidades do México contra a violência gênero e para pedir Justiça.
Milhares de mulheres ocupam neste domingo as ruas de várias cidades do México contra a violência gênero e para pedir Justiça.YURI CORTEZ (AFP)

Milhares de mulheres mexicanas se mobilizaram no Twitter contra o assédio nas ruas. Cada uma delas teve que revirar suas recordações mais desagradáveis e contar sobre aquela vez em que um homem lhe passou a mão no metrô ou a cercou na rua, e que desde então não sai sozinha. Sob a hashtag #MiPrimerAcoso (meu primeiro assédio), convertida em tendência na tarde de sábado, muitas mulheres e homens denunciam com exemplos concretos uma realidade deste país. O protesto virtual começou horas antes da primeira grande marcha contra a violência de gênero no México, que está sendo realizada neste domingo.

A manifestação tem âmbito nacional: 27 cidades do país aderiram à causa. No caso do Vale de México (onde fica a capital), a marcha começou no município mais letal para as mulheres em todo o país, segundo a ONU: Ecatepec de Morelos, no Estado do México, a 20 quilômetros da Cidade do México. E vai terminar no monumento Anjo da Independência, no centro da capital.

Essa mobilização nas redes sociais mexicanas acontece meses depois de uma similar no Brasil, na qual milhares de mulheres, através da hashtag #MeuPrimeiroAssédio, também relatavam os abusos que haviam sofrido.

No México, segundo uma pesquisa do Instituto Nacional de Estatística e Geografia, 63% das mulheres afirmam ter sofrido algum tipo de violência sexual. Na Cidade do México o número sobe para 72%. As diferentes promotorias registram mais de 15.000 denúncias de estupro por ano. Ou seja, 40 mulheres por dia. E em apenas 1 em cada 5 casos há uma sentença condenatória.

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Os índices de feminicídio envergonham muitos Estados mexicanos, com alertas de gênero decretados e a maioria dos casos sem solução. A ONU declarou na semana passada: “Boa parte das mortes violentas de mulheres fica impune porque não há investigação nem se age com a devida diligência”.

Pelo menos seis mulheres morrem por dia devido à violência machista. Em 30 anos foram assassinadas 50.000 mulheres das maneiras mais sádicas. Os dados colhidos pelo órgão de estatística mostram que contra elas são usados “meios que provocam maior dor e prolongam sua morte”. Em 2013, 32% das mulheres assassinadas foram enforcadas, estranguladas, queimadas ou feridas com objetos perfurocortantes ou a pancadas. A maioria dos homicídios de homens ocorreu por arma de fogo (65%).

A violência contra a mulher no México levou a diversas campanhas, como #NoesNo (não é não), sobre o assédio na universidade; #NoTeCalles (não se cale), para incentivar as mulheres a denunciar, e #VivasNosQueremos, criada por cartunistas.

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