Trump aproveita atentados em Paris para defender armas de fogo
"Se as pessoas pudessem portar armas de fogo na França, a situação teria sido diferente"
Horas depois do assassinato de 129 pessoas durante os atentados terroristas em Paris, o pré-candidato republicano que lidera a corrida pela presidência dos Estados Unidos em seu partido, Donald Trump, se referiu ao massacre para defender o direito ao porte de armas.
No comício realizado no sábado à tarde, em Beaumont, Texas, começou com um minuto de silêncio como sinal de luto pelas vítimas dos atentados. "O que está acontecendo é terrível", disse Trump. "Quando você olha para Paris, que tem as leis contra armas mais duras do mundo, como já sabemos... Em Paris, ninguém tinha armas, exceto os caras maus. Ninguém. Ninguém tinha armas. E atiraram em um por um. No final, entraram (os policiais de elite franceses), houve um tiroteio e mataram os terroristas. E digo uma coisa, vocês podem falar o que quiserem, mas se elas (as vítimas) tivessem armas, se os nossos pudessem portar armas... a situação teria sido muito, muito diferente", discursou Trump entre aplausos do público.
À continuação, o político norte-americano disse que o mesmo ocorria nas cidades americanas com as leis mais restritivas sobre armas, como Chicago. Nos Estados Unidos, mais de 10.000 pessoas ao ano são assassinadas por armas de fogo, uma taxa que corresponde à morte do mesmo número de vítimas dos atentados de Paris a cada cinco dias.
Não é a primeira vez que o magnata de Nova York (uma das cidades com as leis mais duras em relação ao porte de armas nos Estados Unidos) vincula atentados terroristas com o direito de civis andarem armados, tema que boa parte do eleitorado republicano considera intocável. No dia 7 de janeiro, após o ataque terrorista contra o jornal semanal Charlie Hebdo, no centro de Paris, Trump escreveu em sua conta no Twitter: "Não é interessante que a tragédia de Paris tenha acontecido em um dos países onde o controle de armas é mais rígido?". O embaixador francês em Washington, Gérard Araud, respondeu publicamente ao tuíte: "Essa mensagem é uma repugnante falta de decência humana. Abutre". Na época, ainda faltavam seis meses para que, em junho, Trump apresentasse oficialmente sua pré-candidatura à presidência dos EUA ao partido Republicano.
O líder das enquetes desde o princípio da disputa também aproveitou seu discurso de sábado para vincular a crise dos refugiados sírios com o ataque terrorista. "Acabam de dizer que um dos terroristas era sírio", disse Trump. "Nosso presidente quer receber 250.000 sírios".
Entre as vaias do público, Trump afirmou ainda: "Pensem, 250.000. Todos temos coração, todos queremos que as pessoas recebam cuidados. Mas, com os problemas que nosso país tem, aceitar 250.000, alguns dos quais terão problemas graves, é uma loucura".
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