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Apoio da Rússia a Assad na Síria frente ao avanço de aliados da Al-Qaeda

Frente al-Nusra e rebeldes islâmicos ameaçam Latakia, o principal reduto do regime

Óscar Gutiérrez
FUENTE: Institute for the Study of War / EL PAÍS

A ofensiva lançada na quarta-feira pela Rússia atingiu as cidades sírias de Talbise e Rastan, na província de Homs. Segundo analistas e fontes locais, essa região não conta com a presença do Estado Islâmico, como afirmou Moscou, mas de grupos ligados à Al-Qaeda como a Frente al-Nusra. Essa organização e rebeldes islâmicos ameaçam o principal reduto do regime, Latakia, e põem em risco uma das prioridades da estratégia militar de Bashar al-Assad, a comunicação entre Damasco, a capital, e a costa.

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O corredor que une o sul da Síria, a partir da fronteira com o Líbano, e a saída para o Mar Mediterrâneo, na costa, passando por Damasco, a capital, foi e é um dos pilares da estratégia militar de Bashar al-Assad. Sem isso, apesar de controlar todas as capitais de província, exceto Idlib e Raqa, o regime teria meia guerra perdida. E para garantir o controle do corredor, Damasco precisa garantir as províncias de Hama e Homs. Esta última foi atingida na quarta-feira pela aviação russa em sua incursão aérea.

“Talbise [uma das cidades atingidas pelos caças russos] não é cidade do Estado Islâmico (EI)”, disse na quarta-feira em uma troca de e-mails o analista norte-americano Joshua Landis, especialista no conflito sírio. “É a sede da al-Nusra, uma filial da Al-Qaeda, e de outras milícias como a Ahrar al-Sham”. De acordo com Landis, o bombardeio de Moscou tem como principal objetivo “apoiar” o regime na faixa rural e urbana ainda sob seu controle.

A al-Nusra e a Ahrar al-Sham, juntas sob o guarda-chuva da chamada Frente da Conquista, da qual participam outros batalhões rebeldes mais ou menos islâmicos, foram e são a principal ameaça para o regime sírio no noroeste do país, especialmente depois da conquista, em maio, da cidade de Idlib e de grande parte da província homônima.

Como aponta em um relatório detalhado o analista Christopher Kozak, do Instituto para o Estudo da Guerra, dentro das prioridades do Exército comandado por Assad figura, ao lado de garantir o corredor para o Mediterrâneo, defender Latakia, coração dos alauítas, comunidade religiosa derivada do xiismo à qual pertence a cúpula do poder. E para sua defesa é necessário recuperar a estratégica Jisr al Shugur, na província de Idlib, e desobstruir a planície de Al Ghab, em Hama, atacando precisamente a Frente al-Nusra.

Como lembra Kozak em seu relatório, Assad não tem capacidade militar para tudo isso, como o presidente sírio reconheceu abertamente em julho. Se antes do início da guerra as forças armadas sírias somavam cerca de 300.000 homens, as deserções e as mortes no campo de batalha reduziram o contingente em algo entre 30% e 50%. Assad também evitou nos últimos quatro anos usar 100% de seu poder militar, basicamente para evitar a mudança de lado ou o abandono de soldados sunitas, a maioria dos que formam o pelotão.

Rebeldes aliados

Todas essas deficiências são as que Moscou tem de suprir. O risco está em escolher o inimigo. O general desertor Jamil al-Saleh, em nome do Exército Sírio Livre, organização guarda-chuva que reúne forças rebeldes apoiadas pela oposição política anti-Assad, apoiada pelos Estados Unidos, denunciou na quarta-feira que o ataque dos aviões russos feriu vários de seus homens, de acordo com a Reuters.

Como afirma Landis, o ataque russo pode ameaçar o esforço que em Washington chamam de “deconfliction”: que as ofensivas aéreas lideradas por russos ou norte-americanos não causem conflito entre países por atingirem alvos não desejados. Os EUA estão treinando e armando facções rebeldes moderadas no norte do país para combater o EI.

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