_
_
_
_

Obama acena a Putin na ONU por causa do impasse no conflito da Síria

Presidente desconfia da ação militar e diplomática do líder russo em defesa de al-Assad

Marc Bassets
Barack Obama.
Barack Obama.TIMOTHY A. CLARY (AFP)

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o líder russo Vladimir Putin transferiram nesta segunda-feira sua rivalidade para a sede das Nações Unidas, em Nova York. Em discursos na Assembleia Geral da ONU, seguidos de uma reunião bilateral, Obama e Putin abordaram a guerra civil na Síria, que causou mais de 200.000 mortos e quatro milhões de refugiados.

Mais informações
Moisés Naim: Francisco e Xi foram a Washington
França começa a bombardear o Estado Islâmico na Síria
O desenho de um menino sírio que deixou a polícia alemã sem palavras
Obama, diante do nó na Síria

O ativismo militar e diplomático da Rússia nos últimos dias preocupa a Administração Obama, paralisada entre a luta contra os jihadistas do Estado Islâmico (EI) e a oposição ao regime de Bashar al-Assad, a quem os EUA atribuem o início da guerra.

"Os Estados Unidos estão dispostos a trabalhar com qualquer nação, incluindo a Rússia e o Irã, para resolver o conflito", disse Obama à Assembleia Geral. "Mas não pode haver, depois de tanto sangue e matanças, um retorno ao status quo anterior à guerra.” O presidente dos EUA disse que, por realismo, será preciso aceitar compromissos, mas também uma transição para um governo na Síria sem al-Assad.

Há dois anos Obama e Putin não se reuniam e há pelo menos um  não se cruzavam em uma cúpula

Há dois anos Obama e Putin não realizavam uma reunião formal e há quase um ano não participavam de um encontro internacional. O conflito na Ucrânia, entre acusações mútuas de interferência, e a anexação da província ucraniana da Crimeia pela Rússia em 2014 esfriaram a relação entre os dois líderes. Obama tentou isolar Putin e, com seus parceiros europeus, impôs sanções econômicas. A Síria oferece à Rússia a oportunidade de desempenhar um papel importante no Oriente Médio diante da paralisia dos EUA e da União Europeia na Síria.

A Rússia enviou tropas e aviões para a Síria. Neste fim de semana, chegou a um acordo com o Iraque, Irã e com a Síria para compartilhar informações na guerra contra o EI. O intervencionismo russo coincide com a chegada diária na Europa de dezenas de milhares de refugiados provenientes de países em conflito, entre eles a Síria e o Iraque, parcialmente ocupados pelos jihadistas.

O acordo das potências da ONU com o Irã —aliado, como a Rússia, de al-Assad— permite, no papel, acelerar a cooperação contra o EI, objetivo comum de norte-americanos, russos e iranianos, mas Washington e Moscou discordam no diagnóstico sobre as causas da guerra civil e suas soluções.

Obama quer usar sua reunião com Putin para "entender" como o crescente envolvimento da Rússia na Síria servirá para resolver o conflito. Os EUA, que há um ano estão bombardeando posições islamistas, acreditam que a brutalidade do regime de al-Assad tem alimentado militantes islâmicos violentos e, portanto, não há solução para a guerra sem uma transição política que, a longo prazo, tire al-Assad do poder. A Rússia discorda. O país argumenta que, para derrotar o Estado Islâmico, é necessário aliar-se ao regime de al-Assad.

Síria oferece à Rússia a oportunidade de ter um papel relevante no Oriente Médio ante a paralisia dos EUA e da União Europeia no conflito

A estratégia de Obama, além dos bombardeios contra o EI na Síria e no Iraque, consistiu em um plano para treinar e armar grupos de rebeldes que se opõem a al-Assad e aos jihadistas. O plano fracassou. Pretendia treinar mais de 5.000 militantes. Apenas quatro ou cinco estão em combate.

Quando a guerra na Síria começou, em 2011, os EUA exigiram a saída de al-Assad. Dois anos depois, Obama estava prestes a pedir uma intervenção contra o ditador sírio. No último minuto, suspendeu o ataque. Os avanços do EI forçaram uma mudança de estratégia e transformaram al-Assad em um aliado de fato dos EUA contra os jihadistas. Agora, a Administração Obama admite que possa ter um papel durante a transição.

O encontro com Obama tira Putin do ostracismo no qual o presidente norte-americano tentou colocá-lo desde a separação da Crimeia e o coloca no centro de todas as conversas esta semana em Nova York.

Há anos que a Assembleia Geral da ONU —o encontro que reúne todo mês de setembro os representantes de mais de 140 países— não reunia tantos líderes, entre eles o presidente do Irã, Hassan Rohani; Putin, que há dez anos não discursava perante a Assembleia; e o cubano Raúl Castro, que nunca havia participado e planeja se encontrar com Obama nesta terça-feira.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_