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Partidos tradicionais resistem e Podemos perde força na Espanha

Os dois grandes partidos somam mais de 50% das intenções de voto

Anabel Díez

Se as eleições gerais espanholas fossem realizadas hoje, o resultado que parece mais provável seria um duplo empate técnico: na liderança, ficariam praticamente igualados o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e o Partido Popular (PP), com 23,5% e 23,1%, respectivamente. A alguma distância, viriam o Podemos e o Ciudadanos, separados por dois pontos (18,1% e 16,0%). A Esquerda Unida (IU, na sigla em espanhol) completaria o quinteto de partidos de âmbito nacional, com 5,6%. No momento, este partido parece estar mais em condições de recuperar votantes do que de perdê-los.

O bipartidarismo resiste a ser deixado de lado e a compartilhar seus efetivos e apoios com os dois partidos emergentes. Desde os primeiros meses deste ano, o PP e o PSOE empreendem uma escalada sustentada para se afastar do Podemos e do Ciudadanos. Na última pesquisa do Metroscopia, realizada entre segunda e quarta-feira, o PSOE e o PP conseguiram se descolar e abriram certa distância em relação aos dois novos partidos.

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Neste movimento do eleitorado, sobressai certa recuperação da Esquerda Unida (IU), que ganha pouco mais de um ponto e meio, vindo do Podemos e, certamente, da abstenção. A recusa contundente do secretário-geral do Podemos, Pablo Iglesias, em formar uma coalizão eleitoral com a IU e outras forças da esquerda – com a exceção, por enquanto, da Catalunha – teve como resposta a desaprovação de uma parte do eleitorado que se inclina por uma coalizão e não por várias candidaturas à esquerda do PSOE.

O PSOE, por sua vez, mantém uma estabilidade contínua em seu apoio, que faz com que o partido se alterne com o PP na primeira posição, abrindo mais de cinco pontos de vantagem sobre o Podemos. Agora o PSOE tem uma vantagem de alguns décimos sobre o partido conservador, de forma que qualquer um dos dois pode acabar na liderança quando forem realizadas as eleições gerais. Do topo se afasta o partido do Albert Rivera, embora recupere um ponto em pouco menos de um mês, depois de ser castigado imediatamente depois das eleições municipais e regionais de 24 de maio. O Podemos e o Ciudadanos, em princípio, afastam-se da primeira posição e passam a disputar o terceiro lugar.

O PSOE e o PP, que pelas contínuas flutuações de seus respectivos apoios, similares em tamanho, alternam-se mês a mês no topo das pesquisas, seguiriam reunindo conjuntamente quase 50% de todos os votos, cifra que está sem dúvida afastada dos 73,3% que totalizavam em 2011, mas parece tender a estabilizar-se – e, de qualquer forma, supera amplamente a soma das intenções de voto dos dois partidos emergentes (34,1%). Pareceríamos assim estar caminhando para uma versão reforçada do “bipartidarismo imperfeito” dos primeiros anos da atual democracia; ou, se se preferir, para um tetra partidarismo atenuado.

Estamos caminhando para uma versão reforçada do "bipartidarismo imperfeito"

Só o Podemos fecha esta etapa com uma nota relativamente ruim. Seu índice atual de 18,1% de intenções de voto continua sendo substancial, mas é 3,4 pontos porcentuais menor que o apoio que o partido tinha há menos de um mês (e 10,1 pontos menor em relação àquele que foi até agora seu melhor índice, o de 28,2% em janeiro). Sua imagem pode ter perdido parte do frescor original. Seu líder, Pablo Iglesias, continua sendo, depois de Mariano Rajoy, o pior avaliado pela população (sua aposta em “um discurso áspero e de classe e com um estilo plebeu” não o ajuda precisamente a gerar simpatias transversais em um momento em que uma das principais reivindicações populares é o espírito de concórdia), que continua criticando sua imprecisão programática.

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