A Unasul será mediadora entre a oposição e o Governo venezuelano
Três chanceleres viajam na sexta-feira a Caracas para tratar da tensão política

Os chanceleres do Brasil, da Colômbia e do Equador, e o secretário-geral da Unasul, Ernesto Samper, chegarão à Venezuela na sexta-feira para tentar mediar a crise política, que piorou depois da prisão do prefeito da área metropolitana de Caracas, Antonio Ledezma, acusado pelo Governo de conspiração; e o assassinato de um menor pela polícia do estado andino de Táchira, na fronteira com a Colômbia, durante protestos contra o regime do presidente Nicolás Maduro.
O próprio governante venezuelano anunciou na noite de terça-feira, durante seu programa En contacto con Maduro, a volta dos ministros de Relações Exteriores a Caracas. O representante do Equador, Ricardo Patiño, confirmou em sua conta de Twitter. “Graças a Deus temos a Unasul, que nos protege, nos acompanha, nos permite ultrapassar essas batalhas contra golpes de Estado, imperialismo intervencionistas. Nosso caminho é o sul”, afirmou Maduro.
O da Venezuela é um conflito constante de moderada intensidade, com frequentes picos. Entre fevereiro e junho de 2014, quando aconteceram os protestos promovidos pela facção da oposição que deseja a imediata saída de Maduro, os chanceleres, acompanhados pelo representante do Vaticano em Caracas, tentaram apaziguar os ânimos com soluções concretas. A Unasul conseguiu que o chavismo fizesse uma renovação parcial dos poderes públicos, tema que este havia postergado de acordo com sua conveniência. A seleção dos novos cargos foi completada em dezembro com uma vitória quase total dos aspirantes próximos ao Governo. Mas não conseguiu fazer mais do que isso. A oposição decidiu se retirar da mesa por falta de vontade do Executivo de cumprir os acordos feitos nas negociações.
Desde então, o Governo está prendendo aqueles que solicitaram seu fim antecipado, o que voltou a agitar a política local. À prisão do líder de Vontade Popular e ex-prefeito do município de Chacao, Leopoldo López, somou-se, entre outros, o exílio e a prisão do prefeito de San Cristóbal, Daniel Ceballos, e de jovens como Lorent Gómez Saleh e Gerardo Carrero, detidos em uma das sedes do Sebín (a polícia política venezuelana) em condições de extremo isolamento, segundo seus familiares.
O chavismo vê os pactos com seus adversários como uma forma de traição ao ideário de seu falecido líder, Hugo Chávez.
A oposição receia este novo chamado por causa da postura assumida por Samper, que os condenou em várias ocasiões e não é visto como uma figura imparcial. De entrada, desconfiam da possibilidade de fechar acordos que possam ser cumpridos de forma urgente. O chavismo sempre vê os pactos com seus adversários como uma forma de traição ao ideário de seu falecido líder, Hugo Chávez.