Oposição venezuelana se une em apoio a prefeito de Caracas preso
Políticos assinam documento usado como base para acusar Ledezma de tramar golpe
A oposição venezuelana decidiu cerrar fileiras em torno da figura do prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma, preso na semana passada sob a acusação de tramar um golpe de Estado contra o presidente Nicolás Maduro. Em um ato de solidariedade ao político, o partido social-cristão Copei decidiu assinar o Acordo Nacional para a Transição, documento que, segundo Maduro, comprova que há um golpe de Estado sendo gestado no país. Enquanto isso, o advogado de Ledezma, Omar Estacio, anunciou que recorrerá nesta terça-feira das acusações de conspiração e formação de quadrilha imputadas ao prefeito.
O Acordo Nacional de Transição, que foi publicado no último dia 11 pelo jornal El Nacional, conclamava os venezuelanos a se unirem para preparar uma transição política que deixe o chavismo para trás. O documento foi originalmente assinado por Ledezma, por Leopoldo López e pela deputada María Corina Machado, todos de uma facção política que propôs no ano passado um movimento que leve à renúncia de Maduro.
Não foi só o Copei que se pronunciou sobre o acordo. “Esse documento em nenhuma de suas letras tem qualquer insinuação nem próxima a um golpe de Estado”, disse Henry Ramos Allup, secretário do partido Ação Democrática, que assumiu o papel de porta-voz da oposição em uma entrevista coletiva realizada na manhã de segunda-feira. Nela estiveram presentes as esposas da Ledezma e López e os deputados María Corina Machado e Julio Borges, também acusados pelo Governo de envolvimento com uma tentativa de golpe. Ramos também recordou que mais de 50% dos prefeitos de oposição são alvo de processos judiciais.
A deputada Machado, única signatária original do documento que não está atrás das grades, agradeceu o gesto “corajoso” do Copei e de outros políticos que aderiram ao manifesto, entre eles Luis Miquilena, que foi mentor e padrinho político do falecido presidente Hugo Chávez. Vários cidadãos também começaram a difundir o documento pelas redes sociais, com a hashtag #Yofirmoacuerdoparalatransición (“assino acordo para a transição”).
Mais de 50% dos prefeitos de oposição são alvo de processos judiciais na Venezuela
A mulher da Ledezma, Mitzy Capriles, anunciou a jornalistas que seu marido não irá solicitar nenhum tipo de mediação ao seu genro, o ministro de Turismo, Andrés Izarra. “Meu querido genro Andrés Izarra renunciou anteontem ao Governo. Para bom entendedor, poucas palavras bastam”, disse Capriles. Nem o ministro Izarra nem o Governo confirmaram oficialmente a demissão.
Enquanto os porta-vozes partidários faziam declarações à imprensa, Antonio Ecarri, militante do Copei, alertava que um dos escritórios do partido, no bairro Las Palmas, estava sendo sitiado. Cerca de meia hora depois, agentes da Guarda Nacional Bolivariana chegaram à sede social de Las Palmas, e a rua foi fechada. A situação no local era confusa, com versões desencontradas sobre quem são as pessoas que entraram nas instalações partidárias.
Paralelamente, o presidente da Comissão de Controladoria da Assembleia Nacional, Pedro Carreño, anunciou que um grupo de parlamentares governistas se dirigia na tarde de segunda-feira à sede o Ministério Público para solicitar a abertura de uma investigação contra o deputado oposicionista Julio Borges. As acusações de golpismo imputadas ao político partiram não só de Maduro, mas também do presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabelo, em seu programa de televisão Con el Mazo Dando. Borges, uma das figuras mais destacadas da oposição no Parlamento, é fundador do partido Primeiro Justiça, do governador e ex-candidato presidencial Henrique Capriles.
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