Tribunal do Egito manda repetir o julgamento de jornalistas da Al Jazeera
Anulada a condenação de repórteres acusados de favorecer a Irmandade Muçulmana

Um tribunal de cassação do Egito anulou a condenação a longas penas de prisão contra três jornalistas do serviço em inglês da emissora Al Jazeera, do Catar, e ordenou a repetição de seu julgamento, concluído em junho passado. A corte, no entanto, não concedeu a eles liberdade sob fiança. Por isso, por enquanto, eles devem continuar entre as grades. Peter Greste, de nacionalidade australiana, Mohamed Fahmy, de nacionalidades egípcia e canadense, e o egípcio Baher Mohamed foram presos há 369 dias, sob a acusação de colaborarem com a Irmandade Muçulmana, o movimento islâmico que governou o Egito após suas primeiras eleições livre, em 2012, e que foi declarado como uma “organização terrorista” depois de um golpe de Estado.
O tribunal não determinou uma data para o início do novo processo judicial, mas, segundo os advogados de defesa, há a previsão de que ocorra dentro de um mês, aproximadamente. Os repórteres afirmam que as acusações são falsas e que representam um ajuste de contas entre o Governo do Egito e o Catar, que entraram em confronto depois da deposição do presidente islâmico Mohamed Morsi, em 2013. Durante as últimas semanas, houve uma distensão das relações entre os dois países, o que deu às famílias dos jornalistas mais esperanças no processo de apelação.
“Esperava mais do dia de hoje”, disse Adel Fahmy, irmão de Mohamed Fahmy, na saída do tribunal. A Al Jazeera também expressou sua decepção após a decisão judicial. “As autoridades egípcias têm uma escolha simples: libertar esses homens rapidamente ou continuar prolongando esta situação, enquanto esta injustiça continua prejudicando a imagem de seu país aos olhos do mundo”, afirmou um comunicado público da emissora.
O tribunal de cassação argumentou não ter competência para decidir a libertação sob fiança dos acusados, algo contestado pela equipe de advogados de defesa. Por isso, caberá ao juiz do novo processo ordenar a liberdade condicional enquanto corre o julgamento. O presidente do Egito, Abdel Fattah al Sisi, declarou em diversas ocasiões que não planeja assinar um perdão presidencial até que a sentença seja firme. No entanto, o próprio mandatário aprovou em novembro um decreto que permite a deportação de cidadãos estrangeiros presos. Esta poderia ser uma solução para Peter Greste, mas não para seus outros dois colegas. O jornalista australiano e Fahmy foram condenados a sete anos de prisão, e Mohamed a 10. Outros 10 jornalistas foram condenados a 10 anos de prisão in absentia no mesmo processo.
Será preciso esperar a reação de Doha nos próximos dias para ver o impacto em seu processo de reconciliação com o Egito. Com a mediação da Arábia Saudita, Al Sisi se reuniu há dez dias com o diretor dos serviços de inteligência do Catar. Três dias depois, a Al Jazeera suspendeu o programa da rede dedicado a informar exclusivamente sobre o Egito, e bastante crítico ao governo de Al Sisi. Essa era uma condição irrenunciável por parte das autoridades egípcias para normalizar as prejudicadas relações. Outros dos assuntos sobre a mesa são o fim do apoio do Catar à Irmandade Muçulmana e ao grupo militante palestino Hamas. Nos últimos dias, a imprensa tem especulado sobre a realização iminente de um encontro entre Al Sisi e o emir do Catar, Tamin bin Hamad al Thani, para selar o fim da guerra fria entre os dois países. Mas ainda não foi feito nenhum anúncio oficial.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
¿Tienes una suscripción de empresa? Accede aquí para contratar más cuentas.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.