Acordo nuclear com Irã enfrenta sérias dificuldades na reta final
União Europeia e EUA esperam fechar acordo antes de terça-feira, mas admitem problemas


Seis grandes potências conseguiram fechar, há um ano, um histórico acordo nuclear com o Irã, que resultaria no fim de seu isolamento internacional. Os detalhes vêm sendo negociados desde então e, a três dias para o fim do prazo estipulado, as principais questões ainda precisam ser resolvidas. “Queremos chegar a um acordo, mas não pode ser qualquer um, mas um que funcione”, afirmou na quinta-feira o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, depois de se reunir com o ministro de Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, que acrescentou: “Importantes pontos de divergência persistem”.
Teerã afirma que não permitirá inspeções especiais da ONU
O grupo negociador, composto pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU – Estados Unidos, Reino Unido, França, China e Rússia – além da Alemanha, se reúne na sexta-feira em Viena para tentar fechar um acordo no qual o Irã aceitou, em 24 de novembro de 2013, congelar seu programa nuclear em troca de o Ocidente começar a suspender as fortes sanções que asfixiam o país persa. Os negociadores querem garantir que o Irã vai abrir mão de sua capacidade de fabricar armas nucleares, um objetivo que Teerã sempre negou possuir.
A falta de avanços nesse terreno gerou ceticismo entre quase todas as partes envolvidas. “A União Europeia lamenta profundamente a falta de progresso na possível dimensão militar [do programa nuclear iraniano]”, afirmou a delegação para a ONU do bloco europeu em um comunicado. Mais comedida, a chefe de Política Exterior Europeia, Federica Mogherini, mostrou sua confiança no acordo e pediu que o Irã facilite as negociações. “É o momento para que o Irã tome a decisão estratégica de abrir caminho para um acordo histórico sobre a questão nuclear”, disse em um comunicado. As partes têm até a meia-noite de segunda-feira para negociar, justamente quando será completado um ano do primeiro acordo.
A própria ONU, por meio de sua agência nuclear, lançou dúvidas na quinta-feira sobre o cumprimento das condições mínimas para firmar um acordo. “O Irã não deu explicações que permitam esclarecer as principais medidas práticas”, disse o diretor-geral da agência, Yukiya Amano. O Irã se comprometeu a manter o enriquecimento de urânio em até 5% – um nível muito inferior ao necessário para usos militares –, aceitou neutralizar as quantidades já enriquecidas em 20% e renunciou à instalação de novas centrífugas. Em troca, as potências mundiais concordaram em flexibilizar as sanções.
Um relatório da oposição destaca que o programa tem fins militares
Na reta final das discussões, a In Search of Justice, organização de defesa da oposição iraniana em exílio, apresentou na quinta-feira, em Bruxelas, um crítico relatório sobre a situação. “O elemento militar continua sendo a base do programa nuclear”, afirmou Alejo Vidal-Quadras, presidente da organização. Dois ex-funcionários do alto escalão da Administração norte-americana durante o mandato de George W. Bush respaldaram as informações da organização. “O Irã vai manter a capacidade de violar este acordo”, disse John Bolton, ex-embaixador para a ONU. O ex-vice-secretário de Estado, Robert Joseph, pediu uma extensão dos prazos de negociação.
Por enquanto, o Irã oferece poucas esperanças de soluções intermediárias que permitam ratificar o pacto e submetê-lo a controles futuros. O chefe da agência de Energia Atômica do Irã, Ali Akbar Salehí, descartou que seu país venha a aceitar “alguma inspeção ou processo especial da ONU”.
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