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São Paulo vive queda de braço sobre a necessidade de racionamento de água

O Ministério Público pede economia imediata prevendo possível colapso de reservatórios, mas Governo paulista nega a gravidade O Sistema Cantareira poderia ter seu volume seco em até 100 dias

María Martín

No Governo de Geraldo Alckmin, em São Paulo, "racionamento" tornou-se uma palavra quase tabu nestes dias de escassez de água em plena campanha eleitoral. Mas o Ministério Público Federal de São Paulo acaba de ativar o alarme que pode romper a inércia no assunto. Em um comunicado emitido nesta segunda-feira, o grupo de procuradores federais que comanda o inquérito civil que apura a crise hídrica no Estado pediu para que o Governo apresente projetos para o início imediato do racionamento de água na região metropolitana abastecida pelo Sistema Cantareira. Em fevereiro, o Ministério Público do Estado de São Paulo já havia feito a mesma recomendação.

A represa opera apenas com a reserva de volume morto desde 10 de julho e, se a chuva não for generosa, essa reserva da reserva, estagnada embaixo das comportas, pode acabar em novembro, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA). O Ministério Público trabalha com uma previsão ainda mais pessimista e contempla o possível "colapso dos reservatórios que abastecem 45% da região metropolitana".

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Seu posicionamento está baseado em um estudo da Universidade Estadual de Campinas em que um grupo de pesquisadores reduz a capacidade do sistema da Cantareira a menos de 100 dias. O estudo afirma que a represa poderia se secar completamente, o que deixaria 14 milhões de pessoas na Grande São Paulo, e em 62 cidades do interior do Estado, sem seu reservatório principal.

O secretário de Saneamento e Recursos Hídricos, Mauro Arce, afirmou em entrevista à Globo News na manhã desta terça-feira que "provavelmente quem fez o estudo não leva em conta que temos um volume estratégico disponível". Segundo Arce, o pior do ano já passou. "Quando comece a primavera, na segunda quinzena de setembro, vai haver um aumento das precipitações. Estamos trabalhando em outras formas para transferir os consumidores do sistema Cantareira para outras reservas, como Guarapiranga, Alto Tietê e Rio Grande", afirmou.

Os procuradores federais ainda criticam que o Governo e a Sabesp, a companhia estadual de água, tenham descartado o racionamento. "Apesar da situação delicada e da previsão de pouca chuva nos próximos meses, o governo de São Paulo descartou o racionamento e estabeleceu apenas a concessão de descontos a quem economizar água. A Sabesp chegou a propor o aumento da vazão para manter o abastecimento em níveis contínuos, mas o comitê anticrise que monitora a situação dos reservatórios rejeitou o plano", diz a nota.

O Governo Alckmin e a Sabesp têm dez dias para informar as providências a serem tomadas em relação à recomendação. O Ministério Público Federal informou que não descarta a adoção de medidas judiciais caso as medidas não sejam cumpridas, enquanto a Sabesp já fez pública sua negativa.

A Sabesp considera um possível racionamento como uma “medida cruel” com a população. Em nota, a companhia reconhece a “importância institucional do Ministério Público Federal, com o qual sempre colabora”, mas “discorda frontalmente da imposição de um racionamento”. Para a Sabesp, as medidas adotadas nesta crise, como a bonificação a clientes que consigam reduzir seu consumo de água em 20%, equivalem à economia que se obteria com um rodízio de 36 horas com água por 72 horas sem água. A companhia é taxativa: “A Sabesp tem 40 anos de história e os melhores especialistas da América Latina em saneamento. Portanto, tem convicção das medidas adotadas”.

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