A oposição venezuelana protege Leopoldo López no seu julgamento
Depois de cinco meses detido, o líder antichavista enfrenta um processo que pode resultar em uma pena de até 13 anos de prisão
Possuem muitas diferenças, mas horas antes do início do julgamento contra o líder venezuelano Leopoldo López, as distintas facções da oposição decidiram apoiá-lo apresentando-se nos arredores do Palácio da Justiça, no centro de Caracas, ou por meio de declarações nas redes sociais e nos meios de comunicação. Há uma opinião comum. À margem da estratégia seguida pela ala radical, que pediu durante quatro meses a saída imediata do presidente Nicolás Maduro e fracassou em sua tentativa, todos pensam que López, uma das lideranças visíveis desse movimento, é vítima de uma perseguição política e que sua prisão é injusta.
Os acontecimentos na véspera do julgamento, que por volta das 12h desta quarta-feira (13h30 em Brasília) ainda não havia começado, pareciam dar razão a todos. A esposa de López, Lilian Tintori, denunciou que seu esposo estava isolado no presídio militar onde está detido, versão que foi negada pela promotora-geral Luisa Ortega Díaz. A defensa afirmou que a juíza Susana Barreiros, que vai conduzir o julgamento, negou a apresentação de 15 vídeos e 65 testemunhas que demonstrariam a inocência de López e equilibrariam o processo. “É um julgamento que começa com grandes violações dos direitos fundamentais”, acrescentou o advogado Juan Carlos Gutiérrez. Por esse motivo, a defesa recusou a magistrada e esperava no começo da tarde a resposta de um tribunal de recursos.
A defesa afirma que a juíza negou a apresentação de provas que demonstrariam a inocência de López
O prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, afirmou que os poderes públicos “estão sequestrados pela cúpula do Governo” e qualificou a justiça venezuelana de “bizarra, porque castiga os inocentes e absolve os verdadeiros culpados da crise”. Ledezma é parte do grupo que apoiou a renúncia de Maduro, como também a ex-deputada María Corina Machado, que expressou em um de seus tantos tuítes em sua conta no Twitter: “A Venezuela e o mundo sabem a magnitude da arbitrariedade contra Leopoldo López e os estudantes. O sistema judicial é o algoz do regime”.
O ex-candidato presidencial Henrique Capriles não quis deixar passar a ocasião para exigir a imediata liberação de López mediante um feroz tuíte: “Hoje começa o julgamento da justiça podre contra nosso companheiro Leopoldo. A primeira medida que deveria ser tomada pela juíza é sua liberdade”. Afirmações menos contundentes, mas igualmente solidárias, foram ditas pelo governador do estado Lara Henri Falcón, um ex-chavista.
O Ministério Público responsabiliza López e os estudantes Marco Coello, Christian Holdack, Demian Martin e Ángel González pelos danos causados à sua sede em 12 de fevereiro, quando começaram as manifestações em grande escala contra o Governo venezuelano, e a várias patrulhas da polícia forense (Cicpc). Se for declarado culpado das quatro acusações de que foi indiciado, o líder do partido Vontade Popular poderia enfrentar uma pena de 13 anos, 9 meses e uma semana de prisão, segundo estimativas da Promotoria.
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