O trem com os corpos retirados do MH-17 chega à região controlada por Kiev
Os restos mortais dos quase 300 passageiros do avião viajarão de Carcóvia para a Holanda
O trem que transporta os corpos das vítimas do voo MH-017 chegou na manhã de terça-feira à cidade ucraniana de Carcóvia, controlada pelo Governo de Kiev. Representantes da OSCE, da Malásia e da Holanda acompanharam o trajeto do trem, equipado com vagões refrigerados para transportar os restos mortais de quase 300 ocupantes do Boeing 777 malásio que foi derrubado na quinta-feira sobre a região ucraniana de Donetsk – uma zona de conflito armado entre as autoridades centrais de Kiev e os insurgentes independentistas pró-russos. Os corpos serão transferidos até amanhã para a Holanda, país de origem de 193 das 298 vítimas.
O avião Hércules que fará esse transporte pousará no aeroporto de Eindhoven (no sul da Holanda), possivelmente na manhã de quarta, e os corpos serão em seguida guardados em um quartel na localidade de Hilversum (região central), onde serão identificados – tarefa que pode levar semanas ou mesmo meses. A Holanda irá comandar a investigação internacional sobre as causas do desastre, e manterá uma ponte aérea aberta entre Carcóvia e Eindhoven (com a ajuda de aviões australianos) até que todos os corpos sejam retirados. Por enquanto, os legistas calculam que 200 cadáveres foram recolhidos.
O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, salientou em entrevista coletiva nesta terça-feira que a Holanda está aberta a respaldar as sanções que a União Europeia venha a impor à Rússia, país que a comunidade internacional aponta como parcialmente responsável pela derrubada do avião. As primeiras investigações mostram que o Boeing 777, que cobria a rota Amsterdã-Kuala Lumpur, foi abatido por um míssil disparado pelos rebeldes pró-russos, que contam com apoio de Moscou. "Tudo mudou desde a tragédia da última quinta-feira, e continuamos tendo sobre a mesa todas as opções possíveis", declarou Rutte sobre as sanções à Rússia.
O presidente russo, Vladimir Putin, assegurou nesta manhã que Moscou utilizará toda a sua influência junto aos rebeldes pró-russos que combatem no leste de Ucrânia para facilitar a investigação sobre o caso, mas alertou que o Ocidente também deve pressionar Kiev para que "cesse as hostilidades". "A Rússia fará tudo o que depender dela para que haja uma investigação completa, multilateral, profunda e transparente", assegurou Putin em uma reunião do Conselho de Segurança do Kremlin. "Solicitam-nos que empreguemos toda a nossa influência com os separatistas de sudeste ucraniano. Faremos o que estiver ao nosso alcance, mas isso não é suficiente", advertiu.
O presidente russo também pediu às potências ocidentais que não se intrometam nos assuntos internos da Rússia, e disse que Moscou precisa tomar medidas para fortalecer suas capacidades militares, devido aos movimentos da OTAN e sua aproximação da fronteira russa. Tais medidas incluiriam reforçar o potencial defensivo na península da Crimeia, anexada em março passado, e no porto de Sebastopol, base da frota russa do mar Negro. Putin também assegurou que iniciativas para proteger a economia russa contra "ameaças externas" seriam colocadas em prática.
Enquanto prosseguem as pressões para que a Rússia colabore no esclarecimento do desastre aéreo, as caixas-pretas do Boeing 777 já estão em poder de uma equipe de representantes malásios. Pouco depois da meia-noite de ontem, o primeiro-ministro da autoproclamada República Popular de Donetsk, Alexandr Borodai, entregou esses aparelhos aos peritos malásios que haviam chegado horas antes a Donetsk. Na sede da Administração provincial, quartel-general rebelde, e na presença de numerosos jornalistas, Borodai anunciou: "Aqui estão as caixas-pretas", enquanto um miliciano as colocava sobre uma mesa.
Os aparelhos que contêm informações do voo viajaram a Carcóvia no mesmo trem que transportou os cadáveres, segundo o primeiro-ministro holandês. O Governo da Malásia informou nesta terça-feira que as caixas-pretas parecem estar em boas condições e serão conservadas até a criação de uma equipe internacional de especialistas que irá avaliar seu conteúdo. "A equipe malásia tem sob sua custódia as caixas-pretas, que parecem estar em bom estado. Estarão sob a custódia de segurança da Malásia até que se formalize uma equipe de investigação internacional", declarou o primeiro-ministro malásio, Najib Razak, em um comunicado.
A tragédia do Boeing 777 da companhia aérea malásia não reduziu a escalada de tensão entre os rebeldes pró-russos e as tropas do Exército ucraniano. Nas últimas 24 horas, 13 soldados da Ucrânia morreram em combates no leste do país, segundo relato feito nesta terça-feira por um porta-voz do Conselho Nacional de Segurança e Defesa em Kiev. Três dos soldados morreram em decorrência da explosão de um micro-ônibus carregado de explosivos. Além disso, cinco civis morreram e pelo menos outros 15 ficaram feridos na cidade de Lugansk. O chefe do Conselho de Segurança Nacional e Defesa da Ucrânia, Andrei Parubi, assegurou também que suas tropas enfrentaram fogo de artilharia vindo do território russo. Ele descreveu essas ações militares como uma "agressão contra o Estado" ucraniano.
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