Leopoldo López, o inimigo número um do chavismo
Opositor mantém uma séria disputa com o Governo desde o golpe de Estado de 2002
Para conseguir a libertação de Leopoldo López (Caracas, 29 de abril de 1971) seus advogados tentaram convencer a juíza Adriana López, que foi quem assinou seu comparecimento em juízo pelos distúrbios ocorridos em 12 de fevereiro em Caracas, da vontade do dirigente político permanecer na Venezuela. Recordaram que o líder opositor enfrentou por volta de vinte processos entre judiciais e administrativos em toda a era chavista sem sair do país. É certo: López tem um amor quase suicida com a Venezuela se for levado em consideração o diagnóstico de organizações como Human Rights Watch sobre a utilização política da justiça na Venezuela. Quem lhe é próximo diz que, longe de arrefecer, López se mostra forte e convencido de que logo sairá desta e de todas as quais viveu.
López, casado com a atleta Lilian Tintori e pai de dois filhos, é filho de Leopoldo López Gil, ex-presidente de Fundayacucho, o programa de bolsas para estudantes universitários inaugurado no governo de Carlos Andrés Pérez, e de Antonieta Mendoza, pertencente a uma das famílias mais influentes do setor privado no país. Por sua origem quase aristocrática – pelo lado materno descende do Libertador Simón Bolívar e é parente de Cristóbal Mendoza, primeiro presidente da República em 1811 – se converteu no rival por definição do chavismo que se assume como porta-voz dos pobres. Não parecia este seu destino quando estudava no colégio Santiago de León de Caracas, muito menos quando terminou o ensino médio na Hun School de Princeton.
Leopoldo López, que se formou em economia no Kenyon College, parecia destinado a formar parte do quadro de alguma empresa multinacional, mas ao voltar para a Venezuela decidiu participar da formação que fundou a Associação Civil Primeira Justiça, a gênese do partido que anos mais tarde lançou Henrique Capriles como candidato à presidência. Para isto contou com o dinheiro proveniente da Petróleos de Venezuela graças à gestão de sua mãe, que então pertencia à folha de pagamento da estatal energética.
Em 2008 foi desabilitado pela Controladoria Geral da República para exercer cargos de eleição popular por conta desta contribuição. Foi uma doce vingança para o chavismo, que nunca perdoou sua atuação durante o golpe de Estado de abril de 2002, quando liderou batidas policiais em busca dos ministros do governo deposto de Hugo Chávez. López, que era então prefeito do município de Chacao, teve uma gestão destacada, e pensava em tornar-se prefeito de Caracas. Ainda que tenha conseguido uma decisão favorável da Corte Interamericana de Direitos Humanos para que seus direitos políticos fossem restituídos, o Estado venezuelano se recusou a cumpri-la.
Ao não poder participar de eleições dedicou-se a estabelecer vínculos com setores populares através de seu trabalho no partido Um Novo Tempo, no qual chegou após sair em 2006 do Primeira Justiça. Em 2009 foi afastado desta legenda por desobedecer a linha política para fundar o partido de centro-direita Vontade Popular, uma organização feita de acordo com seus interesses. As mudanças constantes de partido talvez evidenciem a impossibilidade de López de moldar-se com as estratégias de outros. Este modo de ser ocasionou sérias diferenças com os dirigentes veteranos da socialdemocracia venezuelana e com a ala moderada que controla a Mesa da Unidade, a aliança de organizações políticas de oposição ao governo.
Em 2012 foi pré-candidato presidencial nas primárias da oposição, mas se retirou ao ver comprovadas suas remotas oportunidades de derrotar o favorito da disputa Henrique Capriles. Em 2014 estaria novamente habilitado para concorrer a qualquer cargo público, mas decidiu adiantar-se e solicitar nas ruas uma mudança imediata de governo. Agora que está preso começou outro jogo de consequências imprevisíveis.
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