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Marcha contra o aborto em Paris

Nesta segunda-feira o Parlamento francês debate a ampliação do direito à interrupção da gravidez

Manifestantes antiaborto este domingo em Paris. / IAN LANGSDON (EFE)
Manifestantes antiaborto este domingo em Paris. / IAN LANGSDON (EFE)

Milhares de pessoas —16.000 segundo a polícia, 40.000 segundo os organizadores— se manifestaram neste domingo no centro de Paris contra o aborto, usando a reforma espanhola como modelo. Convocados pela plataforma Em marcha pela vida, que agrupa dezenas de associações cristãs e pró-vida, os manifestantes, que desfilaram a gritos de “Viva Espanha!”, “Sim à vida!” e entre bandeiras espanholas e francesas, denunciam a iniciativa do Governo francês que nesta segunda-feira será debatida na Assembleia Nacional para ampliar o direito à interrupção voluntária da gravidez. Esperam que o caso espanhol sirva de “ponta de lança” para uma revisão europeia.

“Hoje é um dia histórico pelo contexto no qual nos encontramos”, assinalavam os organizadores por megafone no início da marcha. Esta manifestação se celebra anualmente desde 2005 —então se cumpriam 30 anos da legalização do aborto na França— e na qual participaram os deputados espanhóis do PP José Eugenio Azpiroz Villar e Javier Ponte e o senador popular Luis Peral, na primeira fila. Depois de fazer referência ao projeto de reforma espanhol, diziam que, “no entanto, na França, no extremo oposto, existe uma grande ameaça sobre nosso país”.

Dentro da lei de igualdade entre mulheres e homens da ministra de Direitos da Mulher, Najat Vallaud-Belkacem, o Parlamento francês se dispõe a debater nesta segunda-feira duas emendas sobre o direito ao aborto. A primeira, mais simbólica que prática, propõe eliminar a necessidade de que a mulher se encontre em “situação de desamparo” que prevê a lei Veil, aprovada em 1975. O novo texto indica que qualquer “mulher grávida que não deseje seguir adiante com sua gravidez” pode ir ao médico para sua interrupção, eliminando assim a necessidade de justificativa. Para os manifestantes trata-se de uma “banalização do aborto”.

A segunda modificação, denunciada como uma imposição da “visão única” e um atentado contra a liberdade de opinião, propõe ampliar o delito já existente de “travar” o acesso ao aborto. Atualmente, o delito está destinado a punir, principalmente, os grupos que invadem clínicas onde se praticam estas operações para impedi-las, mas será ampliado para o simples fato de que se impeça que se “informe sobre” o direito ao aborto. A iniciativa está claramente dirigida aos sites de associações pró-vida, que, escondidas atrás de nomes aparentemente neutros, difundem, segundo o Executivo, informações “enganosas ou orientadas”.

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