Um acidente fatal no estádio de abertura da Copa causa inquietação
Defesa Civil interdita 30% da Arena Corinthians, que estava 94% concluída. A queda de um guindaste provocou duas mortes
O acidente que causou a morte de pelo menos dois trabalhadores nesta quarta-feira na Arena Corinthians, estádio escolhido para sediar a abertura da Copa do Mundo, em São Paulo, causou, além de comoção pelas vítimas, inquietação entre representantes de classe e na organização do torneio.
A Defesa Civil municipal informou que interditou parte da área leste do estádio equivalente a 30% das obras, e que reúne os pavimentos um, dois e três. Não há prazo estipulado para a liberação, ainda de acordo com a entidade.
Dois trabalhadores já haviam morrido em obras de estádios para o Mundial. O primeiro, em Brasília, despencou em junho de 2012 de uma altura de 30 metros, no ponto mais alto do estádio Mané Garrincha. E o segundo, em março deste ano, caiu de uma altura de cerca de cinco metros, na Arena Amazônia, em Manaus.
Fora da Copa, as obras de ampliação da Arena Palestra, futuro estádio do Palmeiras, também em São Paulo, já haviam registrado a morte de um trabalhador, em abril.
De acordo com o Sindicato Nacional de Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco), o acidente na Arena Corinthians ocorreu na parte sul do canteiro de obras, durante o içamento do último módulo da cobertura. “O guindaste, cuja capacidade é de 1.500 toneladas e torre de 114 metros, teria causado a queda da estrutura sobre o setor leste.”
O órgão, que conta com correspondentes nas 12 cidades-sedes e realiza acompanhamento mensal de projetos ligados à competição, reforçou que o ocorrido certamente impactará no prazo de conclusão da obra, previsto para 31 de dezembro deste ano.
“O estádio que já tinha 94% das obras concluídas terá que rever seus cálculos, pois além da retirada do entulho, e recuperação do trecho danificado pela queda da estrutura, será preciso verificar se houve danos estruturais nas arquibancadas que já estavam prontas”, afirmou o presidente do Sinaenco, José Roberto Bernascon.
Orçada em 855 milhões de reais (370 milhões de dólares), incluindo as estruturas removíveis, a Arena Corinthians sediará, além da partida de abertura da Copa, cinco jogos do torneio. E terá capacidade para cerca de 65.000 espectadores durante o Mundial.
Com o mesmo nome do time pelo qual será usada, se viu envolvida em polêmicas desde o anúncio de sua construção, em detrimento ao estádio do Morumbi, do rival São Paulo. Muitos questionaram os altos gastos na construção da arena sendo que, na cidade mais populosa do país, já haveria um estádio construído e que apenas precisaria de reformas. O Morumbi, no entanto, acabou vetado.
A inquietação em relação ao acidente também tomou conta das redes sociais. O assunto foi um dos mais comentados do Twitter no fim da tarde desta quarta-feira. E, em meio a provocações de torcedores rivais do Corinthians, houve também reprovações a este comportamento na abordagem de um acidente que matou dois trabalhadores.
A exaltação dos ânimos também pode ter se refletido no ex-presidente do clube Andrés Sánchez, que, segundo a Folha de S.Paulo, teria participado da agressão a um repórter do jornal enquanto este cobria o acidente. Sánchez é um provável candidato da oposição à presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em 2014. Ele classificou o acidente que levou à morte dos dois trabalhadores como uma "fatalidade".
Os seis estádios que ainda não foram concluídos, entre eles a Arena Corinthians, têm previsão de entrega até o último dia do ano, ainda segundo o cronograma do Comitê Organizador Local (COL) e da Fifa. Os órgãos consideram fundamental que esse prazo seja respeitado para a realização de eventos-testes visando ao Mundial.
A Fifa também reagiu ao acidente desta quarta-feira. Em comunicado, disse que a segurança dos trabalhadores é de alta prioridade”. “Sabemos que a segurança de todos os trabalhadores tem sido sempre de suma importância para todas as construtoras encarregadas da construção dos 12 estádios da Copa”, acrescentou.
O acidente ocorre também em um dia que começou bem para a Odebrecht, construtora responsável pela obra. Isso porque a Odebrecht TransPort arrematou pela manhã um trecho de 850 quilômetros da BR-163, que vai da divisa entre Mato Grosso do Sul (MS) até a cidade de Sinop, no Mato Grosso, no Centro-Oeste do Brasil.
Em nota, a companhia afirmou que “todos os esforços estão concentrados para oferecer assistência total às famílias das vítimas".
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