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INFRAESTRUTURA

Trecho privatizado da BR-163 receberá quatro bilhões de reais

Investimento será feito nos próximos 30 anos pela Odebrecht, que arrematou a concessão no leilão desta quarta-feira, em São Paulo Atualmente, o trecho entre Itiquira e Sinop, no Mato Grosso, está saturado em quase 600% O movimento é de 7,7 milhões de toneladas no pico de safra (de janeiro a março), mas a capacidade é de apenas 1,3 milhão de toneladas

Trecho da BR-163 próximo à cidade de Jaciara, no Mato Grosso, que será duplicado.
Trecho da BR-163 próximo à cidade de Jaciara, no Mato Grosso, que será duplicado.Quésia Nascimento

A Odebrecht TransPort arrematou na manhã desta quarta-feira em um leilão na BMF&Bovespa um trecho de 850 quilômetros da BR-163, que vai da divisa entre Mato Grosso do Sul (MS) até a cidade de Sinop, no Mato Grosso, no Centro-Oeste do Brasil. Com isso, a empreiteira baiana deverá investir 4 bilhões de reais na BR-163 durante a vigência do seu contrato de 30 anos.

A oferta de 2,6838 reais por tarifa de pedágio para cada 100 quilômetros representou um deságio de 52% em relação à proposta mínima apresentada pelo governo, de 5,5 reais para cada 100 quilômetros. O vencedor, neste caso, é o consórcio que oferece a menor tarifa.

Atualmente, o trecho entre Itiquira e Sinop, no Mato Grosso, está saturado em quase 600%. Seu atual movimento é de 7,7 milhões de toneladas no pico de safra (de janeiro a março), mas a capacidade é de apenas 1,3 milhão de toneladas, segundo Renato Pavan, diretor da Macrologística Consultoria. "É como a Marginal Tietê (uma via urbana que corta São Paulo e é sinônimo de trânsito lento) formada apenas por enormes carretas graneleiras", diz.

Somadas a outras melhorias que estão sendo implantadas na BR-163 e as melhorias nas vias rodoviárias do Centro-Oeste, as concessões podem ajudar a mudar o fluxo dessas cargas rumo à região Norte, com economias de percurso de 500 a 1000 quilômetros em relação aos Portos do Sudeste e do Sul.

Mesa da coletiva de imprensa do leilão da BR-163 na BM&FBovespa, com César Borges (segundo da esquerda para direita), ministro dos transportes.
Mesa da coletiva de imprensa do leilão da BR-163 na BM&FBovespa, com César Borges (segundo da esquerda para direita), ministro dos transportes.Felipe Vanini

A agressividade da proposta da Odebrecht, que foi a última dos sete concorrentes a ser lida no leilão, surpreendeu o público que estava no salão da Bolsa. “Estudamos com muita atenção os exemplos logísticos do mundo inteiro e isso permitiu que fizéssemos uma oferta mais competitiva que a dos nossos concorrentes”, justificou Renato Mello, diretor de rodovias da Odebrecht TransPort na coletiva de imprensa.

Os outros concorrentes foram a CCR, Triunfo Participações e Investimentos, Galvão Engenharia, Invepar, EcoRodovias e o consórcio Integração.

Segundo Mello, a construção e o início da operação de outros projetos logísticos intermodais no Centro-Oeste brasileiro que podem competir por essa carga de grãos também foram levados em conta na elaboração do projeto.

“Nos baseamos em um potencial de crescimento econômico do agronegócio brasileiro que é muito maior do que a expectativa de avanço do PIB brasileiro", afirmou.

Para Luiz Fayet, economista da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), a privatização realizada mostra que o governo está buscando um modelo de pedágio que interessa ao setor do agronegócio."A escolha das concessões por deságio, em vez das outorgas com ágio, é decisão uma essencial para não impedir o desenvolvimento das regiões mais afastadas do Brasil", afirmou.

Já o ministro dos Transportes, César Borges, realçou a importância estratégica da privatização do projeto. “O Governo federal está muito contente com o desempenho desse leilão, que é fundamental para o escoamento de uma safra que aumenta a cada ano”, disse.

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