Dias sombrios
Governar é escolher. O problema é que o presidente não quer arcar com o custo das escolhas possíveis. Para isso é preciso ser líder, de corpo e alma. Não basta pensar que se é “mito”
Governar é escolher. O problema é que o presidente não quer arcar com o custo das escolhas possíveis. Para isso é preciso ser líder, de corpo e alma. Não basta pensar que se é “mito”
Cabe aqui um ’mea culpa’. Permiti, e por fim aceitei, o instituto da reeleição. Visto de hoje, entretanto, imaginar que os presidentes não farão o impossível para ganhar a reeleição é ingenuidade
Celso Furtado e Florestan Fernandes fariam 100 anos. Um deixou marcas na economia, outro na sociologia. Ambos, em nossa história intelectual
Governo que não tem rumo nas principais áreas sociais dificilmente encontrará a lanterna mágica para levar-nos a bom porto. Não são apenas pessoas mal escolhidas. É a falta de projetos, de esperança, o que nos sufoca
O coronavírus é pandêmico, a economia mundial está capenga, para não dizer paralisada ou regredindo e, em muitos países, os donos do poder creem em mitos
Os humanos têm memória, mas também têm a capacidade de esquecer o que ocorreu. Passada a crise do coronavírus, poucos se lembrarão dela. Suas marcas, porém, podem permanecer e delas devemos cuidar
Economistas não sabem qual será a profundidade da crise. Governos começam a perceber que é melhor gastar já e salvar vidas, do que manter a higidez fiscal e produzir cadáveres
O voto não é um cheque em branco e acima de qualquer mandatário está a Constituição
Somos mais de 210 milhões de pessoas no Brasil, nossa força e também nossas dificuldades se ligam ao tamanho dessa população: somos muitos, diferentes e desiguais. Como envolver num destino comum, de prosperidade e bem estar, tanta gente social, cultural e economicamente desigual?
Chego aos quase 90 anos mais livre, mais à vontade, para dizer o que penso e o que me emociona. O que desejo para 2020 e para daí em adiante é que voltemos a sonhar
Nos protestos que têm eclodido em distintos países, há o início de uma ruptura civilizatória ou apenas um mal-estar grave. As mudanças tecnológicas e culturais afetam o mundo inteiro
É do interesse da maioria existir um governo ativo e com rumo. Capaz de respeitar as regras do mercado, mas também os interesses e necessidades do povo
Há que se colocar um ponto final na dinâmica de polarização que tomou conta do país. Até o STF se deixou enredar nela: os juízes discutem e brigam pelo adjetivo
Aparentemente, o presidente e seu círculo mais íntimo parecem não haver entendido que não estamos mais na Guerra Fria
Em vez de aderir de corpo e alma ao “trumpismo” ou de sonhar com um estatismo caduco, é melhor agir em defesa dos interesses nacionais e populares
Um programa econômico da magnitude do Real é um processo, leva tempo. E de novo, o país está em perigo. Mãos à obra, a começar pela reforma da Previdência.
Sem trombetear alarmismo e depois de reconhecerem que falharam, os partidos (em particular o PSDB) devem, sem alarmismo, por os pés no chão
Que contraste entre o necessário para o país voltar a sonhar e o bate-boca diário, via redes sociais, mantido pelos familiares da República!
A institucionalidade foi quebrada e minha vida mudou. Recordar faz parte da História. Celebrar, o quê?
É preciso reconstruir os laços de confiança entre a sociedade e o poder, o que requer liderança e ação institucional
Espero que o novo Governo encontre rumos melhores do que os que, com estridência, apontam alguns de seus membros
Qualquer tentativa de reconstruir o que desabou no sistema político e de emergir algo novo passa pela autocrítica dos partidos, começando pelo PT, sem eximir o PMDB e tampouco o PSDB e os demais
Bolsonaro representa a ânsia de ordem ante o medo do desconhecido. Não se trata da volta ao fascismo: a história, neste caso, não se repete. Trata-se de outras formas de pensamento e ação não democráticas
Uma coisa é certa: o eleito ao final de outubro terá de obedecer à Constituição e tanto os que nele votaram como os que a ele se opuseram, respeitar o resultado das urnas
O Brasil precisa não de “candidatos”, mas de líderes que tenham visão de estadistas e mostrem ao povo os caminhos da esperança
Se for o caso, devemos nos unir ainda no primeiro turno para evitar que o povo tenha de escolher entre o ruim e o menos pior
Não basta defender a democracia e as instituições, é preciso torna-las facilitadoras da obtenção das demandas do povo