Murdoch e Google assinam acordo de colaboração pioneiro no setor multimídia
Pacto acaba com anos de litígios sobre a oferta gratuita de conteúdos no buscador da empresa de tecnologia
A News Corporation, o gigante multimídia controlado pelo magnata Rupert Murdoch, assinou um acordo com a Alphabet Inc, a empresa matriz do Google, para difundir e gerar notícias e conteúdos informativos através de ferramentas virtuais do Google, no que representa um dos maiores convênios assinados entre uma empresa de comunicação e uma grande tecnológica. O pacto acaba com anos de litígios pela oferta gratuita de conteúdos no buscador do Google, que devorava, no entendimento da News Corporation —e de muitas outras empresas editoras de veículos de comunicação em todo o mundo—, a rentabilidade de seu negócio.
As duas empresas desenvolverão uma plataforma de assinatura, compartilharão publicidade e rentabilidade através dos serviços publicitários do Google, e desenvolverão formatos de jornalismo de áudio e videojornalismo por YouTube. O acordo encerra uma sucessão de disputas públicas entre Murdoch e o Google, com seu episódio mais recente na Austrália, onde o Google ameaça fechar seu motor de busca para evitar leis de conteúdo “inviáveis” do ponto de vista econômico. A News Corporation não quis se pronunciar na quarta-feira sobre o valor da operação, dizendo unicamente que envolve “pagamentos significativos” por parte do Google.
Para o magnata da comunicação, de 89 anos, significa a oportunidade de golpear primeiro em um setor condenado a se entender, marcando a pauta de possíveis colaborações futuras e até mesmo a possibilidade de oferecer conteúdo premium em diversas plataformas. Murdoch, que foi um dos mais firmes defensores de Donald Trump até retirar, pelo menos publicamente, seu apoio, já havia assegurado o pagamento de outras duas grandes tecnológicas, a Apple e o Facebook, para comercializar os serviços de notícias Apple News e Facebook News.
O acordo do conglomerado de Murdoch com o Google ocorre após o gigante tecnológico concordar em pagar 76 milhões de dólares (408 milhões de reais) durante três anos a um grupo de 121 editores de informação franceses para acabar com uma disputa de direitos autorais que se prolongou por mais de um ano, de acordo com documentos em poder da agência Reuters. O Google também trabalha na consecução de acordos com os principais editores de veículos de informação no Brasil, Reino Unido, Alemanha e Argentina.
O impacto do acordo entre a News Corporation e o Google dependerá do mercado e dos ecossistemas midiáticos locais, dizem os especialistas. Na América do Norte, onde as empresas editoras perderam o dinheiro da publicidade para as plataformas tecnológicas, a associação de editores News Media Alliance, que agrupa 2.000 jornais dos EUA e Canadá, pretende voltar a apresentar ao Congresso um projeto de lei que permitiria aos editores negociar coletivamente com o Facebook e o Google sem violar as leis antimonopólio. É justamente a violação dessa legislação que colocou na berlinda as grandes tecnológicas, tanto nos EUA como na Europa. O Google, de fato, enfrenta várias ações por violar a lei na gestão da publicidade on-line e em seu motor de busca.
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Clique aquiNa Austrália, onde a News Corporation é dona da maioria dos grandes jornais, os dois maiores canais de televisão aberta fecharam acordos com o Google por um valor anual conjunto de 47 milhões de dólares (252 milhões de reais) dias antes do Governo submeter à tramitação parlamentar uma legislação que significa uma arbitragem para estabelecer as tarifas por conteúdo do Google, sempre que as partes não chegarem a um acordo em privado.
Se a luta entre o Governo australiano e a tecnológica é a mais encarniçada, resume perfeitamente o estado da questão em outros países. O Governo australiano deu um passo à frente no ano passado, ao apresentar um projeto de lei de imprensa no Parlamento que requereria que as plataformas digitais pagassem aos veículos de comunicação locais e aos editores para vincular seu conteúdo em notícias e resultados de busca. Como resposta, o Google ameaçou no mês passado retirar seu motor de busca do país, onde tem uma cota de mercado de 94,5%.
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