Misterioso grupo assume resgate dos cachorros ameaçados pelo vulcão de La Palma, que seriam salvos por drones
Os animais estão bem e com o dono, um caçador de 70 anos que perdeu a casa após a erupção, segundo um jornalista local que soube da história
Um grupo misterioso que se denomina A Team (Equipe A) assumiu nesta quinta-feira o resgate dos cães que não conseguiam sair da área de um reservatório cercado por lava da erupção do vulcão em La Palma. A declaração foi feita em um cartaz mostrado em um vídeo veiculado pelo grupo nas redes sociais: “Força, La Palma, os cachorros estão bem”, diz o cartaz. A Aerocamaras, empresa galega de drones que se deslocara até a ilha para tentar resgatar os animais, retirou-se do local, já que seus voos confirmaram que os cães não se encontram mais na zona e há pegadas humanas em volta do reservatório.
Os cães pertencem a “um caçador de 70 anos que estava caçando no domingo em que o vulcão entrou em erupção”, disse ao EL PAÍS Pedro Montesinos, jornalista da 7.7 Rádio La Palma. “A Guarda Civil o obrigou a deixar a área sem os animais e agora ele está instalado em outro local”. Por isso, os cães tiveram que voltar para casa guiados por seu olfato e instinto. Eles permaneceram na casa até a última segunda-feira, dia em que foram resgatados. “É um homem que perdeu tudo, que só ficou com os cachorros, e agora teme um processo dos defensores dos animais”, diz.
Por esta razão, a Aerocamaras não conseguiu detectar a sua presença com o seu equipamento tecnológico trazido de Lalín (Pontevedra). Os cães simplesmente haviam sumido. “Não vimos nada ontem”, disse Jaime Pereira, CEO da Aerocamaras, “mas queríamos ter certeza. Hoje estivemos revendo as imagens e confirmamos com as autoridades que apareceram pegadas humanas onde os cães estavam, por isso sabíamos que eles tinham estado ali”, explicou.
Os responsáveis pelo resgate violaram os limites que as autoridades impuseram em torno das zonas afetadas pelo vulcão, uma vez que a única forma de chegar à zona do tanque onde se encontravam os cães seria passando por cima de alguns dos fluxos de lava recentes no entorno. De acordo com medições feitas na quarta-feira pelos drones da Aerocamaras, em algumas áreas a lava alcançava temperaturas de 160 graus. Mas também há zonas frias que permitem o trânsito humano com uma câmara termográfica, à venda a partir de 180 euros.
Os veterinários que assessoram a companhia deixaram claro nesta quinta-feira que os cachorros não tinham saído sozinhos da ilha em meio à lava. “Se tinham comida e bebida no que consideram casa, não é normal que se aventurassem por cima da lava.”
Uma fonte da mídia local que publicou o vídeo, a Palmerus.es, também argumentou que os animais estão bem e que “ninguém arriscaria a vida pelos cães para depois deixar que fossem maltratados”, disse ao EL PAÍS por telefone . É muito difícil no momento, segundo diz, que alguém apareça e esclareça como foi a proeza porque “foi cometida uma ilegalidade, burlaram os controles”. A forma como o vídeo chegou ao site se deve provavelmente à proximidade com os protagonistas. “O vídeo começou a circular e passaram para nós”, conta. Apesar de acreditar que estão bem, ele não conseguiu confirmar com certeza o estado atual nem a localização dos cães: “As pessoas que pudemos contatar confirmam que estão bem”, acrescenta. Todas as informações de que dispõe, insiste a fonte, já estão no artigo que o Palmerus.es publicou em seu site.
Os primeiros indícios de que os cachorros tinham sido resgatados surgiram com as imagens da Aerocamaras, nas quais é possível ver deformações nas cinzas, correspondentes a pegadas humanas e, além disso, o cartaz deixado pelos socorristas na parede do reservatório. O pano, que estava preso por pedras, tinha virado do avesso por causa do vento, por isso os aparelhos não conseguiam ler o texto.
“Pelo menos eles tiveram bom humor”, declarou Pereira, resignado, perto da zona de exclusão. Sua equipe estava preparando a operação do drone havia três dias e fazia 24 horas que admitia estar surpresa por não conseguir encontrar os cães, nem com câmeras térmicas, nem chamando-os de uma maneira que deveria atraí-los. A informação sobre o resgate não oficial chega um dia depois de a Aerocamaras sobrevoar a área onde os animais estavam para tentar localizá-los e concluir seu plano de resgate. Embora o teste desta quarta-feira tenha sido “muito bem-sucedido”, o CEO da empresa admitiu que só conseguiram ver dois coelhos escondidos no mato.
Para que a Aerocamaras pudesse operar na zona foi necessária uma permissão do Plano de Emergências Vulcânicas das Ilhas Canárias (Pevolca), uma licença que chegou na última terça-feira. O seu porta-voz, Miguel Ángel Morcuende, garantiu nesta quinta-feira que o órgão tinha feito “tudo o que era possível fazer”, ou seja, mantê-los vivos fornecendo a eles comida e bebida e autorizando o seu resgate por drone, e a partir daí “não sabemos de mais nada”.
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