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Pandemia de coronavírus
Coluna
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Na mensagem de Páscoa, Bolsonaro mentiu e insultou a inteligência da nação

Contra todos os prognósticos médicos e científicos, o presidente disse que aqui o vírus “parece estar desaparecendo”

Juan Arias
Jair Bolsonaro durante celebração de Páscoa por videoconferência.
Jair Bolsonaro durante celebração de Páscoa por videoconferência.Marcos Correa

No domingo de Páscoa nas redes sociais se cruzavam em todo o mundo mensagens de empatia, compaixão, solidariedade, esperança e medo em relação à tragédia do novo vírus. Chegaram a viralizar vídeos em que os heroicos médicos e enfermeiros que se expõem para salvar vidas ganham aplausos e canções.

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Health workers wearing protective face masks react during a tribute for their co-worker Esteban, a male nurse that died of the coronavirus disease, amid the coronavirus disease (COVID-19) outbreak, outside the Severo Ochoa Hospital in Leganes, Spain, April 13, 2020. REUTERS/Susana Vera
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Washington (United States), 07/04/2020.- US President Donald J. Trump, joined by members of the Coronavirus Task Force, delivers remarks on the COVID-19 pandemic in the James S. Brady Press Briefing Room of the White House in Washington, DC, USA, 07 April 2020. (Estados Unidos) EFE/EPA/JIM LO SCALZO
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Enquanto isso, no Brasil, seu presidente, Jair Bolsonaro, em sua mensagem de domingo de Páscoa, mentiu à nação e insultou a inteligência das pessoas ao afirmar, contra todos os prognósticos médicos e científicos, que aqui o vírus “parece estar desaparecendo”, e continua provocando para que as pessoas saiam às ruas para trabalhar.

A realidade é totalmente o contrário. No Brasil a curva de infectados e mortos está apenas começando e segundo ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, os meses mais críticos serão maio e junho. E mais, os especialistas afirmam que, pelo escasso número de testes realizados, os números do coronavírus já devem ser dez vezes mais altos.

Enquanto as pessoas passaram a Páscoa tristes e solitárias, Bolsonaro pareceu insensível à dor alheia. O presidente sempre se diz católico e evangélico. E o dia de Páscoa representa aos cristãos a vitória da vida sobre a morte, da esperança sobre o pessimismo.

Nesse dia Bolsonaro se limitou a dizer que o importante é que “nós aqui na terra, quando chegar nosso dia, estaremos ao lado de Deus”. De qual Deus? Porque no Brasil são professadas muitas religiões diferentes. E os sem Deus? Os agnósticos e ateus e seguidores dos ritos africanos não são brasileiros? Não somos um Estado laico pela Constituição?

O presidente em suas mensagens comentando o drama do coronavírus revela, na verdade, seus instintos de matiz nazista ao não dar importância ao problema dos idosos e dos mais frágeis que já possuem alguma doença crônica e que seriam os mais atingidos. Instigando outros a sair às ruas aumenta o perigo de contaminação dessas pessoas do grupo de risco dentro das famílias. Ele só faltou evocar os campos de concentração de triste memória.

A falta de empatia do presidente com os mais frágeis ofende o espírito da comemoração pascal que fala da redenção de todos os considerados inúteis à sociedade. Eles são vistos mais como um peso morto ao ex-capitão para quem parece que só têm direito à vida os jovens, os saudáveis e os produtivos.

Enquanto em todo o mundo todas as forças da nação sem distinção de credo político tentam se juntar para ganhar a guerra ao vírus, o presidente brasileiro fica cada vez mais isolado em seus sonhos de que a pandemia é uma bobagem e um engano, que conduz somente à quebra da economia e que, no máximo, poderá eliminar os que menos importam.

Em sua mensagem de domingo o presidente se limitou a dizer: “Vivemos um momento difícil e sabemos quem pode nos curar: Deus, sempre acima de tudo”. Desse modo, e continuando em confronto e desmentindo a cada dia seu próprio ministro da Saúde, se alguém não o parar, sua mão pode acabar conduzindo o país a uma crise e a uma hecatombe sem precedentes.

Manter o empenho em continuar considerando o presidente como um desequilibrado com cada vez menos crédito que parece falar somente por seus instintos de morte e suas alucinações paranóicas, deixando-o no poder, é abandonar um país como o Brasil a sua própria sorte. E isso quando a nação mais precisaria de uma liderança segura compartilhada com todas as outras forças da nação.

O presidente brasileiro, que se diz católico, não só desafiou em sua mensagem os brasileiros levando-os a minimizar a tragédia, como a seu próprio Deus. Deveria lembrar, por exemplo, as palavras de Jó na Bíblia quando se pergunta: “Quem poderá desafiar a Deus e sair vitorioso?”. Na verdade, o presidente saudoso da ditadura já foi derrotado em sua teimosia de querer negar a luz do sol.

Os desafios contínuos de Bolsonaro não somente a Deus como à vida das pessoas já o tornam, ele querendo ou não, um claro perdedor.

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