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França pagará 100 euros a 38 milhões de franceses para compensar o aumento do combustível

“Indenização pela inflação” será paga automaticamente a todo trabalhador francês que ganhe menos de 2.000 euros mensais

O primeiro-ministro francês, Jean Castex, durante seu pronunciamento na televisão.
O primeiro-ministro francês, Jean Castex, durante seu pronunciamento na televisão.LUDOVIC MARIN (AFP)
Silvia Ayuso

O Governo francês vai compensar o forte aumento do preço do combustível com um cheque de 100 euros (650 reais) a 38 milhões de franceses, mais da metade da população do país, anunciou na quinta-feira o primeiro-ministro, Jean Castex. Como explicou, todos que ganham menos de 2.000 euros (12.980 reais) por mês poderão se beneficiar dessa “indenização pela inflação”, que pretende apaziguar o crescente descontentamento social pela contínua subida de preços em um país em que outro aumento da gasolina provocou o maior protesto social do mandato de Emmanuel Macron, o dos coletes amarelos.

“Tomamos a decisão de [aprovar] uma indenização-inflação de cem euros que será enviada aos franceses que ganham menos de 2.000 euros líquidos por mês”, anunciou Castex no noticiário de maior audiência da noite do canal TF1.

O pagamento único será “automático” e chegará aos trabalhadores assalariados, os desempregados, os autônomos e os aposentados cuja renda mensal não atinja o teto fixado entre dezembro e janeiro, acrescentou. No total, a medida custará 3,8 bilhões de euros (24 bilhões de reais) aos cofres do Estado, ainda que o primeiro-ministro tenha assegurado que este será capaz de absorver o novo gasto sem superar seu objetivo de déficit de 5% para 2022.

O Governo de Macron anunciou há uma semana que tomaria uma decisão sobre como compensar o aumento da gasolina, e se especulava sobre as diferentes possibilidades ao seu alcance, de uma diminuição generalizada do imposto sobre o combustível —que significa 60% de seu preço final— a uma medida mais “focada” nos que realmente precisam usar o carro em sua vida diária e já sofrem com a inflação generalizada vivenciada há meses em boa parte do mundo. Por fim, esse pagamento único de “indenização” foi escolhido como a medida “mais justa e eficaz”, afirmou Castex. A diminuição dos impostos seria muito custosa e, como alertaram fontes oficiais a vários veículos de imprensa antes da divulgação da decisão final, trazia o risco extra da impopularidade que significaria voltar a aumentá-los com a crise superada.

Ainda que o aumento do preço do gás e a ameaça de que a eletricidade corra o mesmo risco no começo do ano que vem sejam uma dor de cabeça ao setor político em um país que já está em plena pré-campanha presidencial, foi o aumento da gasolina que gerou mais inquietação. E enquanto a eletricidade só terá seu efeito sentido a partir de 2022, os preços do combustível já provocaram queixas em um país que ainda não se recuperou dos longos e duros protestos protagonizados pelos coletes amarelos no final de 2018 e boa parte de 2019, a pior crise sofrida pelo Governo de Macron até a chegada da pandemia.

Além disso, em seu pronunciamento, Castex também anunciou que o “congelamento” do preço do gás anunciado no final de setembro para a primeira parte do ano que vem será prolongado durante “todo 2022″. Nas vésperas do aumento do gás de 12% em 1 de outubro, Castex também anunciou no TF1 que iria congelar esse preço “até abril”, prazo que agora aumentou para todo o ano que vem. O “escudo tarifário” esboçado também prevê limitar a 4% o próximo aumento da eletricidade, que ocorrerá em fevereiro, apesar do Governo estimar um aumento de 12% no começo do ano. Na semana passada, a Assembleia Nacional também deu sinal verde ao pagamento de um “cheque energético” de 100 euros que o Governo pretende enviar em dezembro a outras seis milhões de casas com baixa renda, e que agora se junta à “indenização-inflação” para um número muito maior de pessoas.

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