EUA, Reino Unido e Austrália anunciam aliança estratégica contra a China na região do Indo-Pacífico
Camberra substituirá seus antiquados submarinos por veículos nucleares com a ajuda de Washington e Londres, em detrimento da tecnologia francesa
O jogo de equilíbrios regionais e globais em torno da China foi reconfigurado nesta quarta-feira com um anúncio importante: uma parceria estratégica de segurança de Estados Unidos, Reino Unido e Austrália, para defender conjuntamente seus interesses na área do Indo-Pacífico e conter a ambição expansionista de Pequim. A aliança permitirá à Austrália se equipar com submarinos de propulsão nuclear, em detrimento de um programa de tecnologia francesa multibilionária que planejava substituir seus submarinos da classe Collins de duas décadas por um tipo mais adequado a um “ambiente estratégico em mudança“.
A Casa Branca havia informado nesta quarta-feira que o presidente Joe Biden anunciaria uma “iniciativa de segurança nacional” não especificada no início da tarde. Boris Johnson prometeu fazer o mesmo em uma mensagem na televisão. Em uma declaração conjunta, Biden, o primeiro-ministro britânico e o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, relataram que “guiados por um compromisso compartilhado com a ordem internacional baseada em regras [uma alusão à impunidade da China], resolvemos nos aprofundar na diplomacia, segurança e cooperação de defesa na região do Indo-Pacífico, para enfrentar os desafios do século XXI, para o qual anunciamos a criação de AUKUS“, sigla para Austrália, Reino Unido (UK, na sua sigla em inglês) e Estados Unidos.
A Aukus permitirá aos três países “uma integração mais profunda de ciência, tecnologia, bases industriais e cadeias de suprimentos relacionadas à segurança e defesa”. “Em nossa tradição comum como democracias marítimas, [os EUA e o Reino Unido] estão comprometidos em apoiar a Austrália na aquisição de submarinos com propulsão nuclear para a Marinha Real Australiana”, de modo que a doação possa entrar em vigor em 18 meses, diz o comunicado .
O anúncio é a ponta de lança de uma cooperação crescente na região, liderada por Washington, com o objetivo declarado de conter o expansionismo chinês e sua força comercial e estratégica (por exemplo, no Afeganistão). No dia 24 de setembro, Biden receberá na Casa Branca os primeiros-ministros do Quad, nome dado ao recém-formado grupo Diálogo Quadrilateral: Índia, Japão, Austrália e Estados Unidos. Não é casual a recente visita oficial do vice-presidenta Kamala Harris ao sudeste da Ásia; muito menos as viagens de chefes do Departamento de Estado e de Defesa.
Desde o primeiro dia de seu mandato, o objetivo de Biden tem sido fortalecer alianças estratégicas contra a China, para as quais a região do Indo-Pacífico e especificamente o Mar da China Meridional constituem uma prioridade. Como parte do pacto —um golpe para a poderosa indústria de defesa francesa, mas também para a União Europeia como um todo— Londres e Washington compartilharão seus conhecimentos sobre infraestrutura de defesa nuclear, de acordo com fontes anônimas da Casa Branca e do Congresso citadas pelo Politico.
Em 2016, Camberra assinou com a empresa francesa Naval Group, uma das principais construtoras navais da Europa, um contrato no valor de 40 bilhões de dólares para substituir sua frota envelhecida de submarinos, relata a Reuters. O desenvolvimento da comissão, no entanto, foi severamente atrasado pela insistência de Camberra para que a maioria dos componentes usados na construção, bem como a maior parte da fabricação, fossem locais.
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