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Talibã proclama vitória em Panshir, o último reduto da resistência

É a primeira vez que o vale sucumbe ao controle de uma milícia alheia à região

Membros da Frente de Resistência Nacional, em um tanque da era soviética enquanto patrulham ao longo de uma estrada na área de Astana de Bazarak, na província de Panshir, em 27 de agosto.
Membros da Frente de Resistência Nacional, em um tanque da era soviética enquanto patrulham ao longo de uma estrada na área de Astana de Bazarak, na província de Panshir, em 27 de agosto.AHMAD SAHEL ARMAN (AFP)
Ángeles Espinosa

Os talibãs anunciaram nesta segunda-feira que assumiram o controle de Panshir, a única das 34 províncias afegãs que o desafiou. Eles também divulgaram nas redes sociais fotos de seus combatentes hasteando a bandeira do Emirado Islâmico na capital da província, Bazarak. Se confirmado, será a primeira vez que ocupam este pedaço do Afeganistão que lhes resistiu na vez anterior em que detiveram o poder (1996-2001) e que também não sucumbiu à conquista soviética. Os resistentes, por sua vez, afirmam continuar lutando em vários pontos da província, o que é difícil de verificar.

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Depois de vários dias em que porta-vozes não oficiais do Talibã afirmaram ter conquistado a província rebelde, o porta-voz oficial, Zabihullah Mujahid, compareceu diante da imprensa para ratificar a notícia. “O ninho do terrorismo em Panshir já está sob controle”, declarou. “Com esta vitória, nosso país saiu completamente da guerra contínua”, acrescenta.

Suas palavras foram reforçadas por imagens de alguns guerrilheiros diante da sede do Governo provincial e outros avançando em direção a dois helicópteros que sua propaganda afirma que pertenciam aos líderes regionais, Ahmad Massud e Amrullah Saleh, cujo paradeiro é desconhecido. Em resposta a perguntas de jornalistas, Mujahid disse que eles haviam fugido para o Tajiquistão.

Massud, filho do lendário líder guerrilheiro Ahmad Shah Massud e que encabeça uma força formada por ex-membros do Exército e milicianos, se recusa a conceder a derrota. “Estamos em Panshir e nossa resistência continua”, disse ele em uma mensagem postada no Twitter. Nela, não esclarece seu paradeiro, mas garante que está a salvo.

Mujahid atribuiu a intervenção das forças do Talibã ao fracasso de suas tentativas de negociação. “Fizemos todo o possível para evitar o combate (...), mas infelizmente certas pessoas fugiram [para Panshir] e puseram em risco a segurança de seus habitantes”, afirmou. Ele também prometeu que vão restabelecer a eletricidade e o acesso à internet naquela província durante o dia.

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O porta-voz do Talibã destacou que o Emirado Islâmico, como se denominam, quer “a paz para o país”. “Não vamos permitir que ninguém se associe e aja contra os outros”, acrescentou.

A Frente de Resistência Nacional (FNR) negou que o sucesso seja total. “A alegação dos talibãs de que ocupam o vale de Panshir é falsa. As forças da FNR ainda estão presentes em todas as posições estratégicas do vale para continuar lutando”, tuitou. “Garantimos ao povo do Afeganistão que a luta contra o Talibã e seus parceiros continuará até que a justiça e a liberdade prevaleçam”, acrescentou.

O grupo acusou o vizinho Paquistão de ajudar militarmente o Talibã para derrotá-los, uma declaração que o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores paquistanês, Asim Iftikhar, negou à agência Efe.

O porta-voz do FNR, Fahim Dashty, um conhecido jornalista afegão que se juntou à resistência depois que o Talibã tomou o poder há três semanas, foi morto no conflito na noite anterior. Dashty já havia sido ferido no atentado da Al Qaeda que matou Ahmad Shah Massud em 9 de setembro de 2001, dois dias antes do 11 de Setembro.

Panshir foi a única oposição armada significativa que o Talibã encontrou, mas isso não significa que os afegãos aceitaram unanimemente seu assalto ao poder. Apesar dos precedentes de sua ditadura anterior, têm havido algumas manifestações críticas. Primeiro, e sob o pretexto do Dia da Independência, centenas de pessoas saíram às ruas de Cabul e de outras cidades do nordeste do Afeganistão com a bandeira preta, vermelha e verde que representou o país nas últimas duas décadas. Em Cabul, Herat e Nimruz, as mulheres pediram que seus empregos sejam respeitados e que possam participar do Governo.

Agora, diante de uma nova concentração para exigir que a bandeira tricolor seja mantida, em vez de substituída pela do Talibã, programada para Jalalabad, o Talibã anunciou a proibição de protestos. “Se alguém sair à rua, enfrentará a ação estrita das forças de segurança e não poderá reclamar”, advertiu o governador da província de Nangarhar, da qual Jalalabad é a capital, segundo a EFE. Durante o período anterior no poder, o Talibã não permitiu o menor sinal de dissidência.

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